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| - Por entre algumas bandeiras da Ucrânia, em cenário urbano, o que parecem ser dois tanques (um de cada vez) movimentam-se contra uma multidão resguardada atrás de barricadas. Em ambas as tentativas de furar atravessar as barricadas, os tanques são atingidos por uma chuvada de cocktails molotov e ficam incendiados, acabando por recuar.
De acordo com as descrições do vídeo que está a ser difundido em múltiplas publicações virais (acumulam largos milhares de visualizações) nas redes sociais, terá acontecido na capital da Ucrânia, Kiev, durante a presente guerra. E os tanques incendiados serão do Exército da Rússia, embora não haja qualquer registo (em notícias de órgãos comunicação social) deste confronto impressionante que terá ocorrido nas ruas de uma Kiev em aparente estado de sítio.
Se está nas redes sociais é porque só pode ser verdade?
É real, sim, mas não atual. Mediante ferramentas de análise de imagens conseguimos identificar imagens da mesma situação (filmada a partir de ângulos diferentes) em dois vídeos publicados no YouTube (pode ver aqui e aqui), a 20 de fevereiro de 2014. Ou seja, não têm qualquer relação com a presente guerra na Ucrânia.
Na verdade, as imagens retratam os protestos essencialmente populares ocorridos na Praça da Independência em Kiev, Ucrânia, entre o final de 2013 e o início de 2014, contra o regime liderado pelo então presidente Viktor Yanukovych, na sequência do cancelamento de um acordo de associação entre a Ucrânia e a União Europeia.
Os veículos que aparecem nas imagens não são tanques russos, mas sim veículos blindados da Berkut, polícia de choque ucraniana, que tentavam desmobilizar os manifestantes. Em fevereiro de 2014, os protestos intensificaram-se e foi precisamente entre os dias 18 e 20, quando avançaram para o Parlamento, que se registaram mais mortos e feridos.
As imagens são reais e os manifestantes ucranianos atiraram mesmo cocktails molotov contra os veículos blindados, mas não eram tanques russos. Voltamos a sublinhar, não têm qualquer relação com a presente guerra na Ucrânia, na medida em que foram captadas há cerca de oito anos.
Este vídeo, da forma descontextualizada e enganadora como está a ser partilhado atualmente, gera desinformação.
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Avaliação do Polígrafo:
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