schema:text
| - À esquerda, na imagem, aparece um homem que é identificado como Kahtani, um príncipe saudita de 51 anos. À direita, uma criança, rapariga, com um vestido de noiva e um véu, que é identificada como Nawaf, de 6 anos, alegada esposa do príncipe. À identificação do casal, junta-se a informação de que ele preside uma comissão de direitos humanos na Organização das Nações Unidas. À luz da cultura ocidental e da própria Declaração Universal dos Direitos do Homem, a revelação é chocante e acaba por ser mais um argumento contra a cultura islâmica, que tantas vezes se tem visto envolvida em episódios que representam violações dos direitos humanos.
Tendo em conta o impacto da imagem, que tem circulado nas redes sociais nos últimos tempos, pode ser difícil acreditar naquilo que ela transmite. Por isso, em primeiro lugar, e seguindo a máxima de que se existe está, muito certamente, no Google, o Polígrafo pesquisou no motor de busca por “Kahtani Saudi Arabia”.
Ora, os resultados mostram que, de facto, existe um homem com este nome. Porém não é príncipe – foi, isso sim, consultor da Arábia Saudita, do rei Abdullah e do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman até ter sido demitido no ano passado. Ainda assim, a fotografia do homem que surge na pesquisa não corresponde ao que é apresentado na imagem como príncipe e marido da menina de seis anos.
É certo que a dúvida fica no ar, mas o site de verificação de notícias Newtral garante que, afinal de contas, a imagem não passa de uma manipulação, que em em nada corresponde à realidade. O homem apresentado é, na verdade, o Sheik Adil al-Kalbani, tem 59 anos (em vez de 51) e é antigo imã da Grande Mesquita de Meca. Kalbani foi notícia em 2009 no The New York Times, mas por ter sido o primeiro negro a liderar os fiéis de Meca, lugar que costumava até então ser reservado a imãs de naturalidade saudita.
Em relação a este caso, a Agência Lupa também revelou que não existe qualquer registo público de um casamento de al-Kabani com uma criança de seis anos. Contudo, não é possível confirmar a identidade da menina que surge na foto, apenas que a rapariga surge numa página egípcia que anuncia um workshop para consciencializar os líderes governamentais sobre o impacto do matrimónio precoce e a necessidade de melhorar a condição da mulher e da criança.
Em relação à última parte do meme, que garante que o príncipe, que é casado com uma criança, é o presidente da Comissão de Direitos Humanos da ONU, ela também é falsa. É que esta comissão foi extinta em em 2006, ano em que foi substituída pelo Conselho de Direitos Humanos, hoje presidido pelo senegalês Coly Seck. Deste organismo fazem parte 47 países, entre eles a Arábia Saudita.
Avaliação do Polígrafo:
|