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| - As insinuações sobre a guerra na Ucrânia continuam a circular nas redes sociais, desta vez referentes a um ataque com mísseis que atingiu um centro comercial em Kremenchuk, no centro do país. Aos olhos de vários utilizadores do Facebook, as informações foram manipuladas. Uma ideia que se baseia no argumento, presente em várias publicações sobre este ataque, de que o espaço comercial alvo de ataque estaria afinal vazio, ao contrário do que o próprio Presidente da Ucrânia garantiu.
Recuemos até ao dia 27 de junho, quando Volodymyr Zelensky usava o Telegram para comunicar publicamente mais um ataque contra civis por parte das forças russas: “Os ocupantes dispararam mísseis no centro comercial, onde estavam mais de mil civis. O centro comercial está a arder, os socorristas estão a combater o fogo, o número de vítimas é impossível de imaginar.” À hora do anúncio ainda as informações eram poucas, mas o chefe de Estado da Ucrânia esclarecia que o espaço não representava qualquer perigo para as forças russas nem tinha qualquer valor estratégico.
De acordo com as informações divulgadas pelas autoridades ucranianas, mais tarde, o ataque provocou 20 mortos e dezenas de feridos. O Presidente da Ucrânia fez mesmo questão de revelar um vídeo onde se vê o momento em que um míssil atingiu o local.
Apesar da quantidade de informações que começaram a circular nas redes sociais, a Rússia prontamente desmentiu o sucedido, assegurando que não foi atingido qualquer centro comercial, mas sim “um depósito de armas e munições vindas dos EUA e de países europeus nas proximidades da fábrica de automóveis de Kremenchuk”. Em comunicado, o exército disse ainda que “as explosões provocaram um incêndio num centro comercial próximo”, mas garantia que “não estava aberto no momento”.
No Facebook, começaram a surgir sugestões de que o centro comercial estaria vazio, nomeadamente com a justificação de que no Google Maps podia ler-se que o espaço se encontrava “permanentemente encerrado”. Porém, além de a empresa norte-americana ressalvar que a informação disponível no site pode estar “desatualizada” e “mudar rapidamente”, a AFP revela que no dia seguinte ao ataque, dia 28 de junho, precisamente no Google Maps constava a informação de que o centro comercial atingido pelo ataque das forças russas estava aberto quando, na verdade, se encontrava encerrado — consequência direta do ataque do dia anterior.
Ataque a centro comercial em Kremenchuk fez pelo menos 20 mortos. É a terceira vez que a cidade é atacada
Além disso, as informações que foram sendo reveladas nos dias seguintes permitem desconstruir a ideia de que o espaço estava vazio. Segundo a AFP, o chefe das finanças do Parlamento revelou que no dia do ataque estavam a funcionar no local 58 caixas registadoras, que faturaram 2,9 milhões de grivnas ucranianas, o que prova que o centro comercial estava aberto.
Mais do que isso, vários meios de comunicação, como por exemplo a AFP e o The New York Times, foram publicando testemunhos de quem estava às compras no interior do edifício no momento do ataque e revelaram até recibos de compras, o que comprova (mais uma vez) não apenas que o centro comercial em funcionamento como, também, que havia clientes (entenda-se, civis) no interior do edifício naquele dia.
Poucas horas após o ataque, começaram a surgir imagens de feridos e dos danos provocados no centro comercial, o que prova não só o ataque mas também facto de terem sido atingidos civis, entre eles funcionários que estavam a trabalhar no centro comercial de Kremenchuk.
Conclusão
Não é verdade que o centro comercial em Kremenchuk, no centro da Ucrânia, estivesse vazio quando foi atingido por mísseis russos, tal como as autoridades do Kremlin garantiram e como foi replicado nas redes sociais. Imagens, testemunhos e documentos comprovam que as lojas estavam abertas e que havia clientes a fazer compras no momento em que foi levado a cabo o ataque. Volodymyr Zelensky foi o primeiro a reportar o sucedido e mostrou, mais tarde, um vídeo onde se vê o momento do impacto do míssil. Segundo as autoridades, morreram 20 pessoas e ficaram feridas dezenas. Com todas as provas que foram sendo reveladas, podemos dizer que é falso que o local estivesse encerrado e vazio.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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