schema:text
| - Na audição parlamentar de João Gomes Cravinho na qualidade de ex-ministro da Defesa Nacional, ocorrida no dia 8 de fevereiro (pode aceder aqui à gravação em vídeo), sobre “o alegado esquema de corrupção que envolveu, entre outras, as obras de reabilitação do Hospital Militar de Belém“, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros voltou a explicar o seu grau de conhecimento sobre o custo das obras à data das mesmas e nos meses posteriores e também o processo de nomeação de Alberto Coelho (ex-diretor-geral dos Recursos da Defesa Nacional e um dos principais suspeitos no âmbito da operação “Tempestade Perfeita” ) para outro organismo do Ministério da Defesa, a EMPORDEF – Empresa Portuguesa de Defesa.
A dado momento, Gomes Cravinho foi questionado pelo deputado Jorge Paulo Oliveira, do PSD, no sentido de esclarecer por que motivo não falou aos deputados, na audição parlamentar de 23 de fevereiro de 2021, das conclusões da auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional (IGDN), quando já tinha esse documento na sua posse desde o dia 28 de dezembro de 2020 (como referiu o próprio ministro).
Jorge Paulo Oliveira (PSD): “O senhor ministro esteve no dia 23 de fevereiro de 2021 na Comissão de Defesa Nacional e interpelado sobre a derrapagem daquela obra, o senhor ministro já estava na posse da auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional. Porque é que omitiu esse facto aos deputados naquela altura?
Na resposta, o ministro justificou assim o seu silêncio sobre o tema:
João Gomes Cravinho: “Senhor deputado, eu não só estava na posse, como já tinha enviado para o Tribunal de Contas. Senhor deputado, como bem sabe, o nosso tempo é limitado, não se consegue falar de tudo. Se tivessem perguntado sobre qualquer relatório da IGDN, é evidente que teria falado dele. O assunto não foi trazido à colação no debate que teve lugar naquela data que referiu.”
Na audição de 23 de fevereiro 2021 nenhum deputado abordou o tema das conclusões da auditoria da IGDN nas interpelações dirigidas ao ministro, conforme assegurou Gomes Cravinho?
Apesar de o tema da audição desse dia do ministro da Defesa ter sido genérico – “política geral do ministério” –, o assunto da derrapagem no custo das obras do Hospital Militar de Belém foi abordado, até em mais do que uma ronda de questões dos deputados.
Numas delas, logo na primeira que cabia ao PSD, a deputada Olga Silvestre observou o seguinte:
Olga Silvestre: “Outro assunto que preocupa muito o PSD é a derrapagem que ocorreu com o custo das obras de requalificação no Hospital Militar de Belém, uma derrapagem que excede o triplo daquilo que estava previsto. O senhor ministro já disse que as obras que foram feitas não serão desperdiçadas, que esse dinheiro não se perde, mas o silêncio quanto à origem e às causas dessa derrapagem continua. E é preciso ser esclarecido e o PSD pretende que isso seja esclarecido. Embora já haja resultado da auditoria, esse resultado dessa auditoria não nos foi facultado e o senhor ministro reenviou diretamente para o Tribunal de Contas essa auditoria.”
Na resposta, o próprio Gomes Cravinho acabaria por falar na auditoria da IGDN mas apenas no sentido de este documento ter tornado evidente a existência, na estrutura orgânica do Ministério da Defesa Nacional, de “uma concentração de responsabilidades que é excessiva e que não se coaduna com a boa gestão e a gestão tranquila do interesse público”.
É, por conseguinte, falso que nenhum deputado tenha abordado a auditoria da IGDN na audição parlamentar realizada em fevereiro de 2021, razão apontada pelo ex-ministro da Defesa, Gomes Cravinho, para não ter desvendado, naquela altura, o conteúdo do documento inspetivo.
____________________________
Avaliação do Polígrafo:
|