schema:text
| - “A mulher de Medina tem como patrão Galamba. A mulher de Galamba tem como patrão Medina. Chama-se swing“, destaca-se num post de 12 de abril no Facebook, indicado ao Polígrafo com pedido de verificação de factos. Várias outras publicações nas redes sociais têm apontado no mesmo sentido, embora com ligeiras variações na mensagem.
Assim que se soube que Laura Abreu Cavaco, casada com o atual ministro das Infraestruturas, está a dirigir (sem ter sido nomeada) o Departamento de Serviços Financeiros do Ministério das Finanças, liderado por Fernando Medina, começou a propagar-se a ideia de que também Stéphanie Sá Silva, casada com o ministro das Finanças, estará a trabalhar para (ou sob a tutela de) João Galamba, gerando assim um cruzamento de relações pessoais e profissionais no Governo que, aliás, não seria inédita.
Mas será que esta alegação sobre as mulheres de Medina e Galamba tem fundamento?
A notícia foi avançada pela CNN Portugal esta segunda-feira, 10 de abril, e obrigou o ministro das Finanças – que já tinha audição marcada no Parlamento para falar sobre as medidas de mitigação dos efeitos da inflação – a esclarecer também a polémica nomeação (que afinal parece ter sido apenas uma “transferência”) de Laura Abreu Cravo, mulher de João Galamba, para um cargo de diretora no Departamento dos Serviços Financeiros do Ministério das Finanças. “Diretora”, porém, não consta em nenhum dos documentos oficiais em que o nome de Laura Cravo aparece. É a própria que assim se nomeia na sua página no LinkedIn.
Na terça-feira, chamado a comparecer à Comissão de Orçamento e Finanças através de requerimento potestativo do partido Chega, Medina proferiu a seguinte explicação: “A doutora Laura Cravo não foi nomeada pelo Governo, nem pré-nomeada pelo Governo. É quadro de uma instituição da Administração Pública e está ao abrigo do regime de mobilidade. É quadro da CMVM [Comissão do Mercado de Valores Mobiliários] e não vai ser nomeada para a direção do Departamento dos Serviços Financeiros do Ministério das Finanças”.
Afinal, o cargo será ainda preenchido através de um concurso público, avançou o ministro das Finanças, que garantiu ainda que não teve “nenhuma interferência na nomeação de Laura Cravo”, já que “o desempenho de funções teve início no dia 1 de novembro [de 2020]” e Medina “não era membro do Governo”.
Nesse âmbito, ironizou: “É a primeira vez que um membro do Governo é acusado de uma nomeação que não fez.”
Quanto a Stéphanie Sá Silva, a verdade é que a mulher de Fernando Medina trabalhou durante quatro anos como diretora jurídica da TAP, empresa tutelada pelo Ministério das Infraestruturas, mas deixou o cargo em março do ano passado, quando a pasta ainda pertencia a Pedro Nuno Santos. O anúncio foi, aliás, feito pela própria nas redes sociais, depois de Medina tomar posse como ministro das Finanças:
“Vira-se hoje uma página, quatro anos após ter iniciado funções como diretora jurídica da TAP. Por motivos que são públicos, comuniquei hoje à Comissão Executiva a cessação das minhas funções. Termina aqui um período de grande realização profissional, marcado por transformações profundas na empresa e onde o Departamento Jurídico foi permanentemente convocado a novos níveis de desempenho.”
Na realidade, Sá Silva trabalha presentemente na firma de advocacia DLA Piper, como sócia, especializada no setor da aviação.
Em suma, a primeira parte da alegação – “A mulher de Medina tem como patrão Galamba” – está errada, não tem sustentação factual.
__________________________
Avaliação do Polígrafo:
|