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  • O antigo primeiro-ministro e ex-líder do PSD, Pedro Passos Coelho, discursou ontem à noite em Coimbra, no âmbito da Academia Política Calvão da Silva, tendo acusado o PS, o BE e o PCP de apenas se importarem com os cortes na despesa com a Saúde e a Educação quando o PSD estava no Governo. Por outro lado, avisou que devido a uma pior conjuntura externa (por exemplo, quando grandes economias para onde Portugal exporta entrarem em recessão) e com as receitas do Estado português a cair, “o Governo terá que cortar na despesa”. Passos Coelho defendeu que a questão “não é de partidos ou de clubes partidários, é um problema nacional”. Mas atribuiu responsabilidades ao PS, porque “sempre que estes problemas graves aconteceram, era o PS que tinha a responsabilidade de tratar destas coisas”, ou seja, era o PS que estava no Governo. “E mesmo na véspera de as coisas correrem mal, havia sempre ministros socialistas importantes a explicar que tinha sido o melhor ano do mundo, o maior crescimento da Europa, que estávamos numa trajetória fantástica e os outros eram ‘velhos do Restelo’. Os mesmos ministros que levaram o país à pré-bancarrota são os mesmos que hoje repetem o mesmo discurso de então, em 2009 e 2010. Os mesmos, é uma coisa notável”, acusou o ex-líder do PSD. “Pelo menos poder-se-á dizer que o PS não aprendeu muito com isso”. É verdade que são os mesmos ministros? Ora, Passos Coelho referia-se ao XVIII Governo Constitucional, liderado pelo primeiro-ministro José Sócrates. Esse Governo do PS exerceu funções entre 2009 e 2011 e era formado pelos seguintes ministros: Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: Luís Amado Ministro de Estado e das Finanças: Fernando Teixeira dos Santos Ministro da Presidência: Pedro Silva Pereira Ministro da Defesa Nacional: Augusto Santos Silva Ministro da Administração Interna: Rui Pereira Ministro da Justiça Alberto Martins Ministro da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento: José Vieira da Silva Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas: António Serrano Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: António Mendonça Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território: Dulce Pássaro Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social: Helena André Ministra da Saúde: Ana Jorge Ministra da Educação: Isabel Alçada Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior: Mariano Gago Ministra da Cultura: Gabriela Canavilhas Ministro dos Assuntos Parlamentares: Jorge Lacão Quanto ao XXI Governo Constitucional, liderado pelo primeiro-ministro António Costa e atualmente em funções, é formado pelos seguintes ministros: Ministro dos Negócios Estrangeiros: Augusto Santos Silva Ministra da Presidência e Modernização Administrativa: Mariana Vieira da Silva Ministro das Finanças: Mário Centeno Ministro da Defesa Nacional: João Gomes Cravinho Ministro da Administração Interna: Eduardo Cabrita Ministra da Justiça: Francisca Van Dunem Ministro Adjunto e da Economia: Pedro Siza Vieira Ministra da Cultura: Graça Fonseca Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior: Manuel Heitor Ministro da Educação: Tiago Brandão Rodrigues Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: José Vieira da Silva Ministra da Saúde: Marta Temido Ministro do Planeamento: Nelson de Souza Ministro das Infraestruturas e da Habitação: Pedro Nuno Santos Ministro do Ambiente e da Transição Energética: João Matos Fernandes Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: Luís Capoulas Santos Ministra do Mar: Ana Paula Vitorino Ou seja, há apenas dois ministros repetidos: Augusto Santos Silva e José Vieira da Silva. Ao que acresce o facto de terem mudado de pastas: Santos Silva passou de Defesa Nacional (2009-2011) para Negócios Estrangeiros (2015-2019), ao passo que Vieira da Silva transitou de Economia, Inovação e Desenvolvimento (2009-2011) para Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (2015-2019). Quanto ao “mesmo discurso”, no sentido em que Passos Coelho o descreveu, o Polígrafo não detetou exemplos recentes da parte do ministro Santos Silva, mas há uma entrevista do ministro Vieira da Silva que pode ser enquadrada nesses termos. No dia 4 de fevereiro de 2019, em entrevista à Agência Lusa e Efe, Vieira da Silva considerou ser “precipitado” que os sinais de abrandamento da economia indiciem que se vai entrar numa fase negativa, pelo menos nos próximos tempos. O ministro salientou que a taxa de desemprego está atualmente em níveis mais baixos do que estava antes da crise de 2008, pelo que “é um pouco precipitado estarmos já a pensar que vamos entrar numa fase negativa”. Na medida em que há apenas dois ministros repetidos e apenas um deles proferiu declarações recentes que podem ser enquadradas no âmbito do que Passos Coelho definiu como “o mesmo discurso”, referindo-se à véspera do pedido de resgate financeiro do Estado português, “em 2009 e 2010”, a declaração do antigo primeiro-ministro é classificada como imprecisa. Avaliação do Polígrafo:
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