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| - “A Câmara entendeu, e disso fez publicidade, adquirir câmaras termográficas e oferecê-las às autoridades e instituições do concelho que estão na linha da frente no combate à propagação do vírus. Esqueceu-se de ver o que comprava, e ofereceu equipamento que expressamente diz que não pode ser usado para medir a temperatura nem de pessoas nem de animais, nem ser usado para outros fins médicos. E é esta a maioria socialista que temos”, destaca-se na publicação.
Será verdade? Verificação de factos.
Adolfo Mesquita Nunes, na publicação que partilhou na sua página do Facebook, anexou uma fotografia do manual de instruções (pág.45) da câmara térmica GTC 400 C na qual se pode ler claramente que “o instrumento de medição não pode ser usado para medir a temperatura em pessoas ou em animais ou para outros fins médicos.”
Na própria página de Facebook da Bosch, a marca fez um comunicado sobre o assunto: “Devido ao surto do novo coronavírus, estamos a receber questões sobre o uso das nossas câmaras termográficas no controlo da temperatura do corpo humano. Informamos que as nossas ferramentas são feitas apenas para uso industrial, não para utilização humana ou animal. Esta informação está presente no manual de instruções.”
O Polígrafo contactou a Câmara Municipal da Covilhã, que afirma que a “aquisição foi recomendada pelo Serviço de Proteção Civil Municipal, com base em respostas implementadas noutros locais em Portugal e no estrangeiro, desde unidades de saúde a empresas e clubes de futebol, com o intuito de se destinarem ao rastreio por medição da temperatura corporal, de forma mais rápida que os métodos convencionais, e sem dispensar, em caso de necessidade ou dúvida, confirmação posterior com equipamento médico autorizado.”
O município adianta ainda que as “câmaras constituem um auxílio rápido e preciso na triagem” e, tendo em conta que os equipamentos designados para o efeito são “substancialmente mais caros e de acesso mais moroso”, a aquisição destas câmaras termográficas foram “uma hipótese aceitável e um bom contributo para dotar a primeira linha de intervenção”, doando-as às seguintes instituições: Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, Centro de Saúde da Covilhã, Bombeiros Voluntários da Covilhã, Guarda Nacional Republicana e Polícia de Segurança Pública. Não sendo um equipamento certificado para o uso médico, a câmara sublinha que “o objetivo da sua aquisição nunca foi o de integrar atos médicos e, sim, o de servir como instrumento fundamental de rastreio.”
A autarquia afirma ter tido acesso a evidências que “demonstram que estes equipamentos, desde que devidamente parametrizados, apresentam erros de leitura face aos equipamentos tradicionais razoavelmente baixos (<0,4ºC).” Como prova dessas mesmas evidências, o município enviou ao Polígrafo uma publicação de Facebook de um hospital em Torres Vedras que também estaria a utilizar o mesmo equipamento. De acordo com o texto, a câmara termográfica terá sido oferecida pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pelo Centro Hospitalar do Oeste.
A autarquia afirma ter tido acesso a evidências que “demonstram que estes equipamentos, desde que devidamente parametrizados, apresentam erros de leitura face aos equipamentos tradicionais razoavelmente baixos (<0,4ºC).” Como prova dessas mesmas evidências, o município enviou ao Polígrafo uma publicação de Facebook de um hospital em Torres Vedras que também estaria a utilizar o mesmo equipamento. De acordo com o texto, a câmara termográfica terá sido oferecida pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pelo Centro Hospitalar do Oeste.
O município adquiriu cinco câmaras térmicas por ajuste direto num valor total de 3.943,09 euros + IVA. Em declarações à Rádio Cova da Beira, Vítor Pereira, presidente da Câmara da Covilhã, afirmou não ter tempo “para ler manuais de instruções” e que a compra das câmaras foi aconselhada por serviços técnicos do município.
Avaliação do Polígrafo:
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