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| - Devido a um problema no sistema de de oxigénio, na noite de 26 de janeiro, o Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca (HFF) transferiu 43 pacientes para outras unidades hospitalares. No dia seguinte, através de um comunicado, o HFF informou que a rede de oxigénio medicinal “encontra-se a funcionar de forma estabilizada e dentro de padrões de segurança, mantendo-se a monitorização permanente do seu fluxo”.
“Não está em causa, como nunca esteve, a disponibilidade de oxigénio ou o colapso da rede, dado que os constrangimentos estavam relacionados com a dificuldade existente em manter a pressão. De igual modo, em momento algum os doentes internados estiveram em perigo devido a esta ocorrência, tendo as flutuações da rede sido colmatadas com recurso a garrafas de oxigénio, envolvendo a mobilização de vários profissionais, cujo esforço se enaltece e agradece publicamente”, esclareceu.
Nas primeiras horas após a ocorrência, porém, chegou a falar-se de “esgotamento” do oxigénio no HFF, dando origem a múltiplas publicações nas redes sociais comparando esta situação com a de Manaus, Brasil, onde a escassez de oxigénio em plena pandemia de Covid-19 provocou uma situação de catástrofe. O Polígrafo questionou vários especialistas sobre o risco de uma crise de oxigénio nos hospitais portugueses.
Filipe Froes, pneumologista e coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, considera que estamos perante dois contextos e situações muito diferentes. “Em Manaus não havia oxigénio para ser administrado. Aqui em Lisboa houve, sim, um aumento da necessidade de oxigénio para um sistema que não tinha capacidade de fornecer tanto oxigénio a tantos doentes, problema que, aparentemente, já está corrigido”, afirma.
Por sua vez, João Carlos Winck, professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e membro da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, avisa que “o episódio de crise de oxigénio que ocorreu no Amadora-Sintra é uma situação que se poderá repetir“. No entanto, o pneumologista garante que “em Portugal não existe o risco de existir uma situação disseminada de falhas constantes e irreparáveis do fornecimento constante de oxigénio”.
Winck explica que a crise vivida em Manaus é muito diferente porque “não existia nenhuma fábrica a produzir oxigénio em quantidade e o oxigénio medicinal chegava somente através de cilindros”. O especialista assegura que existem em Portugal “variadíssimas empresas que produzem gases medicinais, as fábricas onde se produz este oxigénio”, garantindo o abastecimento das “cisternas gigantes instaladas nos hospitais“.
“Eu diria que o que aconteceu é um alerta para todos os hospitais que estão a ser sobrecarregados. Aqueles que já estão na linha vermelha, ou quase lá, devem ter atenção a este risco, principalmente com redes de distribuição que não estejam bem desenhadas para a tal simultaneidade de utilização de oxigénio em muitos doentes e que não suportem estes picos de consumo“, adverte.
No mesmo sentido aponta Froes: “O que aconteceu no Amadora-Sintra deve servir de alerta para uma monitorização mais contínua e preventiva de todos os consumíveis necessários para lidar com esta pandemia”.
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Avaliação do Polígrafo:
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