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| - No topo da publicação começa-se por atribuir a seguinte citação a André Ventura, sem indicação da respetiva data: “Cumpro sempre aquilo que prometo!”
Surgem depois as duas citações do deputado único e líder do Chega, atual candidato à Presidência da República. A primeira datada de fevereiro de 2020 – “Não suspenderei o meu mandato e por isso continuarei a exercer as funções para as quais fui eleito” – e a segunda datada de dezembro de 2020 – “Solicito a suspensão do mandato de deputado à Assembleia da República”.
Confirma-se que Ventura prometeu não suspender o mandato de deputado e agora pretende suspender, ou que entrou em contradição sobre essa matéria?
Em fevereiro de 2020, Ventura anunciou a intenção de se candidatar à Presidência da República. Num vídeo enviado aos militantes do Chega nessa altura, o líder proferiu a seguinte declaração: “Não penso, nem quero suspender a minha liderança no partido. Essa é uma questão que não se coloca neste momento. E, portanto, vou trabalhar na minha candidatura presidencial sem nunca esquecer que, em primeiro lugar, a minha primeira obrigação é no Parlamento e à frente do partido. Não suspenderei o meu mandato no Parlamento e por isso continuarei a exercer as funções para as quais fui eleito com a mesma intensidade e com a mesma garra com que o tenho feito até agora”.
A segunda frase é recolhida a partir do requerimento que, segundo a Agência Lusa, o mesmo Ventura entregou na Assembleia da República em dezembro de 2020, de forma a poder realizar a campanha para as eleições presidenciais sem ter que cumprir em simultâneo as obrigações inerentes ao mandato de deputado, substituído transitoriamente no cargo por outro candidato das listas do partido.
“Solicito a suspensão do mandato de deputado à Assembleia da República com efeito a partir do dia 1 de janeiro de 2021 e até ao término das eleições à Presidência da República, 24 de janeiro de 2021, considerando-se automaticamente prorrogada a suspensão caso se verifique a existência de uma segunda volta eleitoral e o ora requerente seja parte nessa disputa”, lê-se no texto do documento.
“Estava a fazer uma comunicação interna ao partido, a explicar que não seria por ser candidato a Presidente da República que teria de sair da Assembleia da República desde aquela altura. Recorde-se que fui o primeiro a apresentar a candidatura e estávamos ainda em final de fevereiro, muita gente tinha receio que a minha candidatura me afastasse do foco parlamentar. Foi esse o sentido das minhas palavras. Aliás, desde julho/agosto que anunciei a intenção de suspender o mandato durante a campanha”, explicou Ventura em declarações ao Polígrafo.
Questionado pelo Polígrafo sobre a aparente contradição, ou promessa não cumprida, Ventura retorquiu: “Mais do mesmo. É evidente que estava a fazer uma comunicação interna ao partido, a explicar que não seria por ser candidato a Presidente da República que teria de sair da Assembleia da República desde aquela altura. Recorde-se que fui o primeiro a apresentar a candidatura e estávamos ainda em final de fevereiro, muita gente tinha receio que a minha candidatura me afastasse do foco parlamentar. Foi esse o sentido das minhas palavras. Aliás, desde julho/agosto que anunciei a intenção de suspender o mandato durante a campanha, como se pode ver nesta notícia com largos meses”.
A forma como as duas citações são apresentadas, sem qualquer referência às circunstâncias e contextos de cada qual, poderá induzir em erro. Na primeira frase, o líder do Chega estava a assegurar perante os militantes do partido que a anunciada candidatura presidencial não implicaria suspender desde logo o mandato na Assembleia da República. Posteriormente, Ventura manifestou publicamente a intenção de suspender o mandato apenas durante a campanha eleitoral, em janeiro de 2021. Pelo que concluímos que o conteúdo sob análise carece da devida contextualização.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falta de contexto: conteúdos que podem ser enganadores sem contexto adicional.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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