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| - É mais um meme viral nas redes sociais, com milhares de partilhas acumuladas em apenas dois dias.”Eduardo Cabrita diz que época de incêndios ‘está a correr bem‘. Nos primeiros meses do ano só arderam mais de 23 mil hectares“, ironiza-se na respectiva mensagem, por cima de uma imagem manipulada do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
Independentemente da imagem manipulada, os factos evocados na publicação são verdadeiros? Ou seja, Eduardo Cabrita disse que a época de incêndios “está a correr bem” e “nos primeiros meses do ano só arderam mais de 23 mil hectares” em Portugal?
Verificação de factos, solicitada por leitores do Polígrafo.
De facto, mais de 23 mil hectares foram destruídos pelos incêndios em 2019, segundo dados provisórios disponibilizados na página do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Segundo estes dados provisórios, que incluem informação recolhida até ao dia 1 de agosto e foram obtidos com base no Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF), arderam 23.913 hectares de espaços rurais, num total de 6.491 ocorrências. Do total de área ardida, mais de metade (54%) é de povoamento florestal, 34% de mato e 12% de área agrícola.
O último relatório provisório do ICNF dava conta de que entre 1 de janeiro e 15 de julho tinham ardido 10.178 hectares de terreno (quase o dobro em comparação com o mesmo período de 2018), mas este valor não incluía a área ardida no incêndio que atingiu os concelhos de Vila de Rei e Mação, que segundo o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais (EFFIS) destruiu mais de 9.500 hectares.
De acordo com o ICNF, cerca de metade dos incêndios florestais que deflagraram até 15 de julho e que foram investigados tiveram origem em queimadas e queimas. Este ano, até 15 de julho, foram investigados 70% do número total de incêndios, responsáveis por 89% da área total ardida.
Entretanto, no dia 1 de agosto, o ministro da Administração Interna disse que a época de incêndios “está a correr bem“, ressalvando, no contudo que “ainda é muito cedo para balanços“.
“Até ontem [dia 31 de julho] tivemos 6.500 incêndios, 36% a menos que a média dos últimos 10 anos”, afirmou Eduardo Cabrita. Desses 6.500 incêndios, salientou o governante, “6.200 tiveram menos de 10 hectares de área ardida. Isto é, foram resolvidos só pelos bombeiros da terra, o corpo de bombeiros mais próximos, sem necessidade de intervenção de mais ninguém”.
Concluindo, os factos evocados na publicação são verdadeiros, de acordo com os dados provisórios recolhidos pelo ICNF. Também se confirma a declaração do ministro da Administração Interna.
Há que sinalizar, porém, dois elementos que podem gerar dúvidas ou induzir em erro: os “primeiros meses do ano” indicados na publicação correspondem a sete meses, até ao dia 1 de agosto; e o ministro Eduardo Cabrita referia-se à “época de incêndios”, cujo período crítico (definido por lei) decorre entre os dias 1 de julho e 30 de setembro, embora na mesma declaração invocasse dados totais do ano de 2019.
Avaliação do Polígrafo:
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