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| - Mas será verdade?
O girassol das deficiências invisíveis (Hidden Disabilities Sunflower em inglês), criado no Reino Unido em 2016, surgiu da necessidade de as pessoas com deficiências invisíveis ou imperceptíveis terem apoio adicional em múltiplos locais.
A empresa explica que a iniciativa surgiu depois de o aeroporto de Gatwick, em Londres, questionar como poderia identificar passageiros que tivessem uma deficiência não óbvia para os auxiliar se necessário. Assim, com a utilização deste símbolo, tornou-se mais fácil identificar passageiros que precisassem de mais ajuda, mais tempo ou assistência nas deslocações no aeroporto.
Segundo a página oficial, as fitas com girassóis foram já adotadas pelos principais aeroportos no Reino Unido, mas também em supermercados, estações ferroviárias, espaços de lazer, serviços de polícia e bombeiros.
Apesar de já existirem vários aeroportos na Europa que reconhecem a utilização do símbolo (por exemplo, Chipre, Dinamarca, Irlanda, Itália, Suécia, Lituânia, Polónia e Países Baixos), os aeroportos de Portugal ainda não estão sensibilizados para o seu significado.
O Polígrafo contactou a Associação Portuguesa Voz do Autista (APVA), a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA) e a Associação Portuguesa de Deficientes (APD) que, em resposta, declararam não ter qualquer informação de que esta iniciativa já esteja em vigor em Portugal.
Inês Neto, diretora pedagógica da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA), refere que “não existe nenhum fundamento legal para a utilização destas fitas com girassóis” e acredita que a iniciativa não seria bem aceite por toda a comunidade.
“Cada vez mais existem cada vez mais divergências sobre o que é o autismo, se é uma deficiência ou apenas um aspeto da neurodiversidade. Não reúne consenso. Acredito que muitas famílias usassem, mas muitas outras ficariam ofendidas se lhes exigissem a utilização de algo deste género”, sublinha. “O ideal seria que nos aeroportos já estivessem preparados para reconhecer à distância uma pessoa com estas características”, destaca.
Por outro lado, Sara Rocha, presidente e cofundadora da Associação Portuguesa Voz do Autista (APVA), considera que é “necessário algo nos ajude a identificar e apoiar as necessidades especificas das pessoas com deficiências”. “Estamos neste momento a tentar criar um cartão de identificação ou, como tem o Reino Unido, o girassol para [os autistas] terem acesso a prioridade e apoios específicos. No entanto, apenas um cartão não vai ser suficiente. Precisamos de uma campanha a nível nacional para o reconhecimento do símbolo”, explica.
“Também temos de alterar a lei. Todos estes benefícios, mesmo os mais acessíveis como a prioridade nas filas nos supermercados ou aeroportos, estão direcionados apenas para pessoas com incapacidades acima de 60%, excluindo todas as outras pessoas com deficiências”, conclui.
Em conclusão, o cordão de girassóis já é utilizado em alguns países para identificar pessoas com deficiências imperceptíveis, mas não é uma prática ainda generalizada e há algumas associações que acreditam que não é uma medida que reúne consenso.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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