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| - O toureiro e cavaleiro João Moura foi detido em fevereiro de 2020 por alegados maus-tratos a animais de companhia, nomeadamente 18 cães de raça Galgo Inglês que foram encontrados em estado de subnutrição na sua residência em Monforte. De acordo com o Jornal de Notícias, Moura foi interrogado no Tribunal Judicial de Portalegre, onde foi constituído arguido, mas saiu em liberdade com Termo de Identidade e Residência.
Recentemente, foi divulgado nas redes sociais um cartaz relativo a uma suposta homenagem ao toureiro que terá lugar no Campo Pequeno, em Lisboa, a 26 de agosto. E as reações não tardaram.
“Homenagem internacional a João Moura, dia 26 de agosto no Campo Pequeno, aquele criminoso que mantinha galgos num canil obsoleto a morrer à fome. Animais esses que lhe foram retirados ou morriam à fome por negligência e mau tratos. Também mantém outros animais, tais como cavalos torturados e bovinos bebés que mata para treinar a sua arte de psicopatia animal”, pode ler-se numa das publicações detetadas pelo Polígrafo, datada de 7 de agosto.
Confirma-se?
Sim. Na agenda da página oficial Campo Pequeno destaca-se uma “Corrida de toiros de homenagem mundial a João Moura” com data marcada para 26 de agosto, às 21h30. A homenagem, internacional, vai contar com a presença do próprio João Moura e dos dois filhos, João Moura Jr. e Miguel Moura.
Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, reagiu numa série de tweets, publicados a 11 de agosto. “Já é difícil de compreender que se homenageie alguém que tem por atividade torturar um animal, mais ainda quando é do conhecimento público que deixou os seus cães morrer à fome, encontrando-se ainda em curso o respetivo processo crime, por maus tratos a animais”, afirma.
“Lisboa não pode continuar a ter touradas em pleno coração da cidade. E homenagens indignas como esta. Recordo que o terreno pertence à Câmara Municipal e a Praça propriedade da Casa Pia, que se encontra sob a tutela do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Pelo que está nas mãos do Estado e do Poder local acabar com esta anacrónica atividade em Lisboa, não permitindo a quem explora o espaço que ali realize touradas ou menos ainda, que homenageie alguém que tem contra si a correrem processos crime por maus tratos a animais”, escreveu.
Inês Sousa Real aponta ainda a polémica que envolveu o filho do cavaleiro relativa à prática de bull-baiting: “No cartaz encontramos ainda o nome do seu filho, João Moura Jr., que também ficou conhecido pelas imagens que mostravam os seus cães a atacar um touro. Esta prática abjeta, foi abolida na Inglaterra em 1835, e é conhecida como bull-bating. Consiste em atiçar cães para esfacelarem bovinos vivos, proibida também em Portugal por força da Lei de Proteção aos Animais”.
“Já é difícil de compreender que se homenageie alguém que tem por atividade torturar um animal, mais ainda quando é do conhecimento público que deixou os seus cães morrer à fome, encontrando-se ainda em curso o respetivo processo crime, por maus tratos a animais”, afirma Inês Sousa Real.
Também a Plataforma Baste de Touradas se manifestou contra a homenagem: “O Campo Pequeno vai homenagear João Moura, o cavaleiro tauromáquico que, no ano passado, foi detido pela GNR por maus tratos a animais e que escondia na sua propriedade 18 cães em estado de extrema subnutrição e desidratação sem condições de salubridade. Na altura João Moura referiu que ‘Tinha lá uns cães mais magros e alguém denunciou isso, mais nada’, agora vai ser homenageado em Lisboa, fazendo aquilo que mais gosta: perfurar e agredir animais na arena junto com os seus filhos. Uma inversão de valores e mais uma demonstração de que a tauromaquia não tem lugar numa sociedade que se quer civilizada.”
“Investigação prossegue, sujeita a segredo de justiça”
Em fevereiro de 2020, João Moura negou a prática de maus-tratos aos animais: “Agora vão instruir o processo e vai seguir para a frente. Já prestei as minhas declarações e estou em casa tranquilo e com a consciência tranquila. Não matei ninguém, não roubei ninguém, não tratei mal os meus cães, alguns estavam magros, mas não os tratei mal.”
O Polígrafo questionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o ponto de situação do processo. A PGR refere que “a investigação prossegue, sujeita a segredo de justiça“.
O Polígrafo tentou contactar João Moura mas não obteve resposta em tempo útil.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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