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| - “Pobreza. Cada vez há mais gente em Portugal a pedir ajuda para comer. Foi registado um aumento de 40% nos últimos dois anos. Os novos pobres agradecem ao Governo socialista de António Costa”, lê-se na publicação que está a ser partilhada no Facebook.
Os números da pobreza em Portugal são um tema recorrente nas redes sociais, mas um suposto aumento de 40% na quantidade de portugueses em risco de pobreza ou exclusão social chamou a atenção de leitores do Polígrafo que denunciaram este post como sendo falso ou enganador.
Quantos são, afinal, os cidadãos pobres em Portugal? E como é que evoluiu esse número durante o período de governação de António Costa?
Analisando os dados mais recentes, em dezembro de 2021, de acordo com o último boletim do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre “Rendimento e Condições de Vida“, com base no Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado no ano passado, eram 2.302.000 as pessoas que se encontravam em risco de pobreza ou exclusão social. Consequentemente, a taxa de pobreza ou exclusão social ascendeu a 22,4%, mais 2,4 pontos percentuais do que no ano anterior.
“Portugal foi, em geral, uma sociedade mais desigual em 2020: o Coeficiente de Gini, que reflete as diferenças de rendimentos entre todos os grupos populacionais, registou um valor de 33,0%, mais 1,8 p.p. do que no ano anterior (31,2%), e o rácio S80/S20, que compara a soma do rendimento monetário líquido equivalente dos 20% da população com maiores recursos com a soma do rendimento monetário líquido equivalente dos 20% da população com menores recursos, cresceu 14%, de 5,0 em 2019 para 5,7 em 2020. A desigualdade aumentou em todas as regiões NUTS II, à exceção da Região Autónoma dos Açores. A região Centro foi aquela em que a desigualdade mais aumentou”, destacou à data o INE.
Apesar de este número ter aumentado face a 2020, qual é o saldo se olharmos para o ano de 2019 (fazendo as contas ao intervalo de dois anos destacado na publicação em análise)? Nesse ano, foram registadas 2.173.000 de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social. Ou seja, 21,1% da população total. Face a estes dados, o aumento foi de 129 mil pessoas em apenas dois anos, o que resulta numa subida de 5,9% e não de 40%, como alega a publicação.
Vale a pena sublinhar, no entanto, que apesar da evolução negativa em 2021, o facto é que o número de pessoas em situação ou risco de pobreza ou exclusão social diminuiu em comparação com 2015, ano em que António Costa assumiu pela primeira vez o cargo de primeiro-ministro (mais precisamente em novembro de 2015). Nessa altura contabilizaram-se 2.765.000 pessoas em risco de pobreza ou exclusão social. Face a 2021, o saldo final é de menos 441 mil pessoas.
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Avaliação do Polígrafo:
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