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| - É um dos temas mais comentados do dia no Twitter. Centenas de publicações recuperam supostas citações do juiz conselheiro João Caupers, novo presidente do Tribunal Constitucional (tomou posse no dia 12 de fevereiro, substituindo Manuel da Costa Andrade), a partir de um artigo de opinião que terá escrito em 2010.
“João Caupers, o nosso novo presidente do Tribunal Constitucional, há 11 anos: ‘Uma coisa é a tolerância para com as minorias e outra, bem diferente, a promoção das respetivas ideias: os homossexuais não são nenhuma vanguarda iluminada, nenhuma elite'”, destaca-se num dos tweets em causa.
As citações são autênticas?
Sim. Foram reveladas na edição de hoje do jornal “Diário de Notícias”, recolhidas a partir de um artigo de opinião de João Caupers que foi publicado em maio de 2010, num jornal da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (pode consultar aqui).
Nesse texto, Caupers criticava a “falta de indignação mediática” em relação a uma campanha da Associação ILGA Portugal que surgiu na sequência da aprovação na Assembleia da República do acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em Portugal.
Num dos cartazes espalhados então por Lisboa lia-se: “Se a tua mãe fosse lésbica, mudava alguma coisa?”. Caupers classificou a campanha como de “muito mau gosto” e considerou que apenas foi realizada “a pretexto da luta contra a discriminação, promovendo a homossexualidade“.
“Os homossexuais merecem-me o mesmo respeito que os vegetarianos ou os adeptos do Dalai Lama. São minorias que, como tais, devem ser tratadas com dignidade e sem preconceito, tanto pelo Estado, como pelos outros cidadãos”, escreveu o professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, cooptado como juiz conselheiro do Tribunal Constitucional em 2014.
“Mas uma coisa é a tolerância para com as minorias e outra, bem diferente, a promoção das respetivas ideias: os homossexuais não são nenhuma vanguarda iluminada, nenhuma elite. Não estão destinados a crescer e a expandir-se até os heterossexuais serem, eles próprios, uma minoria. E nas sociedades democráticas são as minorias que são toleradas pela maioria – não o contrário”, defendeu.
Mais, sublinhou que a sua “tolerância para com os homossexuais” não o faria aceitar que a um filho seu adolescente “fosse ‘ensinado’ na escola que desejar raparigas ou rapazes era uma mera questão de gosto, assim como preferir jeans Wrangler aos Lewis ou a Sagres à Superbock”.
“A verdade – que o chamado lobby gay gosta de ignorar – é que os homossexuais não passam de uma inexpressiva minoria, cuja voz é enorme e despropositadamente ampliada pelos media. Estou convencido de que existem mais vegetarianos do que homossexuais em Portugal – e, porventura, até mais adeptos do Dalai Lama. Não beneficiam, porém, do mesmo nível de acesso aos jornais, aos microfones das rádios e às objectivas das televisões. Certo é que, enquanto membro da maioria heterossexual, respeitando os homossexuais, não estou disposto, nem disponível, para ser ‘tolerado‘ por eles“, concluiu.
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Avaliação do Polígrafo:
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