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| - “Grande mulher”. É assim que começa uma mensagem viral nas redes sociais que pretende elogiar a primeira-ministra da Austrália por esta, alegadamente, ter voltado a avisar que os muçulmanos que não se adaptem aos usos e costumes australianos “serão expulsos”.
“Muçulmanos que queriam viver de acordo com a lei islâmica, a Sharia, foram obrigados nesta quarta-feira a deixar a Austrália. Esta decisão da primeira-ministra Julia Gillard é o culminar de uma operação de ‘limpeza’ em que o Governo australiano atacou os radicais muçulmanos numa tentativa de impedir possíveis ataques terroristas”, lê-se na publicação, sendo igualmente garantido que “Gillard enfureceu os muçulmanos australianos na quarta-feira, dizendo que apoiava agências de espionagem que monitorizam as mesquitas do país”.
No final do texto destaca-se ainda a seguinte citação em discurso direto: “Imigrantes, não australianos têm que se adaptar ás nossas leis ou abandonar o país. Adaptem-se ou vão-se embora. Estou cansada e não quero me preocupar mais com estrangeiros sobretudo os muçulmanos que alegam que os ofendemos e à sua cultura. Vão para as vossas terras e deixem-nos em paz. Falamos principalmente inglês, não espanhol, libanês, árabe, chinês, japonês, russo ou qualquer outro idioma. Portanto, se você deseja fazer parte da nossa sociedade, aprenda o nosso idioma! Esta é a nossa cultura, a nossa terra e o nosso estilo de vida!”
Confirma-se que a primeira-ministra da Austrália ameaçou expulsar os muçulmanos do país?
O primeiro erro da publicação consiste em dizer que Julia Gillard é a atual primeira-ministra da Austrália. A governante abandonou o cargo – foi a primeira mulher a exercê-lo no país – em 2013, após três anos a liderar o Executivo. As declarações foram colocadas a circular em 2014, como se explica em artigo de verificação de factos do site The Quint, sendo que representam um compêndio de vários discursos.
Grande parte do discurso atribuído a Gillard foi retirada de um artigo publicado pela primeira vez num jornal local na Geórgia, EUA, de acordo com um outro artigo de verificação de factos do site Snopes. O referido texto, segundo a mesma fonte, foi escrito por Barry Loudermilk, um veterano da Força Aérea dos EUA, logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, não tendo qualquer relação com a Austrália ou com Gillard.
“Nós falamos principalmente INGLÊS, não espanhol, libanês, árabe, chinês, japonês, russo ou qualquer outro idioma. Portanto, se desejam fazer parte da nossa sociedade, aprendam a língua!”, foi uma das frases copiadas.
A referência a uma suposta ordem para que os muçulmanos que defendem a sharia – lei islâmica – abandonem o país fez parte de um artigo publicado no site maltês The Independent e a declaração atribuída ao secretário de Estado do Tesouro australiano Peter Costello.
Concluindo, as alegações veiculadas na publicação em causa são falsas, juntando várias declarações de outras pessoas sem qualquer relação com Julia Gillard. Além disso, a própria Gillard já não é primeira-ministra da Austrália há cerca de sete anos.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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