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| - “No lago do Jardim do Campo Grande há gansos-do-egipto e tartarugas que não têm alimento, não têm abrigos e não conseguem subir para a ilha para descansarem, o que os obriga a um esforço e a um cansaço desmesurado, levando muitas vezes à sua morte. Apesar dos esforços de uma munícipe que colocou uns degraus para que os animais pudessem subir, estes foram logo retirados pela Câmara Municipal de Lisboa”, denuncia o PAN Lisboa.
A publicação acusa ainda a autarquia de não proteger os animais a seu cargo. “A falta de empatia da autarquia para com os animais é incompreensível. Recentemente soubemos que a Câmara Municipal coloca químicos no lago do Jardim do Campo Grande que ‘não são compatíveis com a existência de vida animal’ e exigimos que o deixasse de fazer. Agora voltamos a insistir e já questionamos a autarquia sobre a falta de alimento e de estruturas que permitam a estes animais descansarem, apelando a que esta situação seja resolvida o mais depressa possível”, lê-se ainda na publicação do partido que remete para um requerimento feito a 6 de julho.
O Polígrafo contactou o PAN Lisboa que reiterou o que escreveu nas redes sociais: “Tivemos conhecimento de uma denúncia relativamente ao facto de os animais do lago do Campo Grande não terem estruturas que lhes permitam subir para a ilha, exigindo-lhes um constante esforço, acabando muitos por morrer por exaustão. Já houve a tentativa, da parte de pelo menos uma cidadã, de colocar uma estrutura que permitisse a estes animais subirem e descansarem, mas esta foi, incompreensivelmente, retirada pela Câmara Municipal de Lisboa.”
O Grupo Municipal do PAN relembra ainda outra denúncia que fez em abril, dessa vez sobre a colocação de químicos na água do lago do Jardim do Campo Grande. Na altura, o PAN pediu esclarecimentos à CML relativamente à resposta endereçada pela Direção Municipal de Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia a uma munícipe, na qual foi possível ler que os “sistemas electromecânicos de recirculação e desinfecção dos elementos de água que integram o Jardim do Campo Grande não são compatíveis com a existência de vida animal“.
“A colocação de químicos/desinfetantes nas águas dos jardins são susceptíveis de afetar a vida animal, não apenas da biodiversidade, mas também dos animais de companhia, não se compreendendo que a autarquia não aposte em soluções ecologicamente mais adequadas e sustentáveis“, escreveu o PAN Lisboa no requerimento.
Em resposta às questões do Polígrafo, a CML esclarece que “alimenta diariamente a população de animais residente em jardins e parques municipais – de entre a qual se destacam patos, pavões e galinhas; esta alimentação, tal como a que é assegurada em estruturas e equipamentos como a Casa dos Animais, Centro de Recuperação de Aves Silvestres ou a Quinta Pedagógica é supervisionada e acompanhada por veterinários municipais“.
Quanto às espécies referidas pelo PAN Lisboa – gansos-do-egito e tartarugas – a autarquia explica que tem vindo a “verificar-se a presença de espécies migratórias nos parques e jardins de Lisboa. No caso do Campo Grande, os animais que as imagens documentam não são animais residentes, os comuns patos, mas sim gansos-do-egito (Alopochen aegyptiaca). Trata-se de uma espécie que faz parte da Lista Nacional de Espécies Invasoras (Decreto-Lei n.º 92/2019). São aves migratórias e, de acordo com os técnicos do Centro de Recuperação de Aves Silvestres, a construção de abrigos é desaconselhada já que estas estruturas promovem a sua sedentarização e alteram as condições naturais de sobrevivência destas aves, o que é desaconselhado”.
Em relação às tartarugas, a situação é semelhante: “muitos dos elementos de água que integram os espaços verdes da cidade de Lisboa estão a ser invadidos por tartarugas exóticas de água doce, ali abandonadas pelos antigos detentores. Estes animais competem com espécies autóctones e por vezes representam perigo para a vegetação e para os animais residentes. Sempre que possível, os serviços da Câmara Municipal de Lisboa promovem a transferência destes animais para locais na cidade onde a sua presença não cause danos ou perigo para outras espécies”.
A CML refuta ainda a acusação de falta de rampas, garantindo que “já instalou estas estruturas em vários pontos do lago” do Jardim do Campo Grande. Quanto à qualidade da água do lago, a autarquia assegura que “cumpre legislação para ser utilizada pela rega por aspersão e não provoca a morte dos animais que ali vão beber nem é nociva para os patos ou outras aves aquáticas“.
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Avaliação do Polígrafo:
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