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| - Há pelo menos dois vídeos que retratam a mesma situação, difundidos no Facebook e no Instagram. Acumulam milhares de visualizações desde a respetiva publicação entre 25 e 26 de abril. “Quando a nossa polícia é o arruaceiro, a coisa fica complicada, a bater em miúdos e miúdas… Peçam identificação e multem, agressões não“, comenta-se num dos posts detectados pelo Polígrafo.
“Entretanto no dia 24 de abril, no largo da Graça, a polícia agride violentamente pacatos cidadãos nacionais e estrangeiros apenas porque se sentem os donos da lei! Violência policial pura e dura que nada resolve nem ajuda a evitar qualquer tipo de contágio”, denuncia-se no mesmo texto.
No vídeo captado por telemóvel, num primeiro momento, vêem-se agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) a tentarem imobilizar dois jovens, que resistem, embora sem agredir os polícias. Em seu auxílio vêm algumas pessoas aparentemente do mesmo grupo – entre as quais uma rapariga que fala espanhol e um homem mais velho. Os agentes da PSP obrigam essas pessoas a afastar-se sob a ameaça de bastões (chegando a desferir bastonadas) e empurrões, parecendo querer criar um perímetro de segurança para poder atuar sobre os dois jovens. Para concretizar a imobilização, os agentes tentam derrubar os dois jovens, lançando-os ao chão e fazendo um deles (o que está sem capuz) rebolar na calçada.
Um pouco mais adiante na gravação, num local próximo, vê-se o mesmo tipo de intervenção, desta vez com pelo menos quatro agentes a imobilizarem uma pessoa e a dar-lhe bastonadas, enquanto outro agente dizia repetidamente para quem estava próximo, a presenciar o que acontecia: “Vai-te embora!”
Na parte final do vídeo, um cidadão estrangeiro que filmava a detenção da pessoa que tinha sido manietada pelos agentes (e era conduzido para o carro de polícia) é surpreendido por uma pancada no telemóvel, para interromper a captação de imagens, ouvindo-se de seguida: “E agora, e agora, como é que é? Acha correto?“.
Contactado pelo Polígrafo, o Núcleo de Imprensa e Relações Públicas (NIRP) da PSP confirma que “no dia 24 de abril, pelas 23h45m, na freguesia de São Vicente, foram detidos três homens, com idades compreendidas entre os 25 e os 31 anos, pela suspeita da prática de crimes contra a autoridade pública“.
Sobre o que originou a intervenção policial, o NIRP esclarece que se tratava de um “ajuntamento de cerca de 150 pessoas” e os agentes da PSP, na sequência de uma operação direcionada para a verificação do cumprimento das regras em vigor no “estado de emergência”, tentaram que o grupo dispersasse. É aí que, segundo a mesma versão, “um dos detidos recusou-se a cumprir as ordens legalmente proferidas, adotando uma conduta hostil e ameaçadora, tendo sido detido pelo crime de resistência e coação“.
Nesse contexto, uma segunda pessoa aproximou-se “de forma intempestiva”, procurando por diversas vezes “condicionar a atuação dos polícias, tendo persistido na sua conduta, motivo pelo qual foi igualmente detido”. Ainda conforme o esclarecimento escrito enviado ao Polígrafo, “o suspeito resistiu de forma ativa e agressiva com empurrões e arranhões, facto que levou à utilização da força pública estritamente necessária e adequada à resistência do visado, por forma a manter a sua detenção”.
Quanto à segunda parte dos incidentes documentados pelo vídeo, o NIRP refere que “enquanto se aguardava a chegada de reforço policial para assegurar o perímetro de segurança, cerca de 30 indivíduos aproximaram-se do local, tendo um deles tentado ultrapassar a barreira policial entretanto formada, com o intuito de condicionar a ação policial e pôr em causa a segurança dos polícias que integravam aquele dispositivo, sendo detido no mesmo contexto dos outros”.
Em conclusão, o vídeo é autêntico, mostrando vários agentes da PSP a deterem três indivíduos na zona da Graça, em Lisboa, na noite de 24 de abril.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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