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| - “Ainda pensámos dar bilhetes do Rock in Rio a pessoas em situação de sem-abrigo, mas há problema de consumos e podíamos estar a potenciar esse risco“. Esta é a afirmação que começou a ser atribuída no Twitter a Laurinda Alves, vereadora independente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), na tarde de ontem, dia 21 de junho.
Pouco depois, o vídeo do momento em que a vereadora realiza esta declaração foi divulgado nas redes sociais.
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A reunião plenária da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) desta terça-feira, dia 21 de junho, decorria há três horas quando Bruno Mascarenhas, deputado municipal do Chega, tomou a palavra. Começou por destacar a diferença que considera existir entre “refugiados da Ucrânia” e “migrantes económicos” que estavam na Ucrânia quando o conflito eclodiu. Distinção que tem vindo a reiterar desde o início da chegada de refugiados ucranianos a Portugal e sobre a qual o Polígrafo realizou uma verificação de factos em abril.
“Gostava de saber se a CML de facto tem um custo com estas pessoas e se o tem quanto é?”, questionou Mascarenhas, referindo-se aos tais refugiados vindos da Ucrânia que considera “migrantes económicos” por não terem nacionalidade ucraniana. E inquiriu ainda: “Porque foi feita uma gentileza relativamente aos tais 60 jovens que ainda não encontraram colocação e que receberam bilhetes para o ‘Rock in Rio?'”
Mascarenhas referia-se ao grupo de 60 jovens rapazes que, como informou Laurinda Alves nesta assembleia, permanecem no centro de acolhimento de emergência em Lisboa a aguardar alojamento. “Não são ucranianos, mas estavam [na Ucrânia] a estudar Medicina, Finanças, Gestão, Arquitetura, Design, portanto chegaram cá e, porque não são brancos, estão lá [no centro de acolhimento]”, referiu a vereadora.
Ainda em relação aos bilhetes para o festival, o deputado do Chega questionou a AML: “Gostava de perceber e de fazer a pergunta, saber se as instituições da cidade de Lisboa que acompanham crianças institucionalizadas foram ou não contempladas com bilhetes para este evento?”
Na resposta, Laurinda Alves esclareceu: “Senhor deputado, queria só lembrar que a organização do Rock in Rio fez um convite a propósito do dia do refugiado [20 de junho]. E, portanto, convidou-nos a convidar os refugiados, foi um convite direto e não uma distribuição de bilhetes para darmos na área social, porque aí teríamos muitas pessoas a quem dar e que gostariam de ir.” E acrescentou: “Por acaso, nós pensámos e pedimos [bilhetes] para as pessoas em situação de sem-abrigo, mas também ficava complicado, nomeadamente, porque há situações de consumos e que poderíamos estar a potenciar. E, portanto, há que ter cuidado e preservar muito estas pessoas e protegê-las muito”, concluiu.
O Polígrafo contactou Laurinda Alves. A vereadora afirma que aquilo que disse “foi mal percebido, mal compreendido e mal usado“, referindo ainda que “antes deste equívoco já foram distribuídos 350 bilhetes para pessoas em situação de sem-abrigo irem a este festival”.
“Estes bilhetes foram diretamente para as entidades que os acompanham no dia-a-dia e que os vão acompanhar igualmente ao festival. São técnicos especializados que conhecem estas pessoas e têm com elas laços de confiança”, esclarece a vereadora, que garante que o equívoco gerado pela declaração que realizou “nasce de uma falha de comunicação e um erro de perceção“.
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