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| - Não é a primeira vez que o Polígrafo compara o crescimento do PIB per capita em Portugal com o de outros países. Em janeiro deste ano, após a consulta de um relatório de 2020 da Comissão Europeia, o Polígrafo confirmou que “o rendimento médio per capita em paridade de poder de compra para os 10 países que entraram na União Europeia (UE) em 2004 já está ao mesmo nível de Portugal, superando uma diferença de cerca de 17 pontos percentuais em 15 anos”.
Estes números foram ainda conferidos na base de dados Pordata, tendo em conta que os 10 países que entraram na União Europeia em 2004 foram os seguintes: República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, Eslováquia, Eslovénia (perfazendo oito da Europa de Leste), Malta e Chipre (perfazendo dois do Mediterrâneo).
Na República Checa, o PIB per capita foi, em 2021 (valores provisórios), de 27.900 PPS. Em Portugal foi de 23.000 PPS. Recorde-se que Portugal entrou na UE em 1986, 18 anos antes da República Checa. Também a Estónia (25.700 PPS), a Hungria (22.100), a Letónia (21.400), a Lituânia (25.900), a Polónia (22.700), a Eslováquia (21.300) e a Eslovénia (26.400) têm valores muito próximos ou até mesmo superiores ao de Portugal, sendo que todos eles registaram um crescimento expressivo desde 2000.
Ainda assim, a variável em causa na publicação em análise é apenas o PIB per capita em euros, ou seja, a riqueza que é criada, em média, anualmente por pessoa. E é esse indicador que o Polígrafo está a avaliar.
Em 1993, o PIB per capita em Portugal era de sensivelmente 7.624,2 euros (e não 14.474 euros, como destaca o “post”), mostram os dados do Pordata. Na Letónia, no mesmo ano, o PIB per capita era de apenas 800 euros, um crescimento de 60% face ao ano de 1992. Os dados são do portal “countryeconomy.com“, que contém ainda os números relativos à Irlanda, que registava então, em 1993, um PIB per capita de 12.499 euros (já superior ao português).
No ano de 2020, o PIB per capita em Portugal cifrou-se nos 19.430 euros, enquanto que na Letónia atingiu apenas os 15.500 euros (e não os 23 mil euros indicados no “post”). Já na Irlanda, o PIB per capita foi, em 2020, de 74.870 euros. Uma subida que confere ao país, entre os três sob análise, o maior crescimento em termos nominais.
Por fim, quanto à alegação de que impostos mais baixos “geram crescimento económico”, a verdade é que os últimos dados do gabinete de estatística europeu, Eurostat, mostram mesmo que quer a Irlanda quer a Letónia tiveram cargas fiscais (em % do PIB e em 2019) mais baixas do que Portugal.
Na Irlanda, esta taxa tem vindo a baixar consecutivamente desde 2016, de 24,5% nesse ano para os 22,7% em 2019. Já a Letónia, que em 1995 tinha uma carga fiscal em % do PIB de 30,6% e, em 2017, de 31,4%, conseguiu baixar este valor apenas para os 31,3% em 2020. Portugal é, ainda assim, o país que mais tem aumentado a sua carga fiscal: 1995 (31,4%), 2005 (34,4%), 2015 (37%), 2016 (36,6%), 2017 (36,5%), 2018 (37%), 2019 (36,8%).
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