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| - Ontem, na RTP, foi a vez de Rui Rio e Jerónimo de Sousa trocarem argumentos. Para não variar relativamente à quase totalidade dos debates televisivos que já se realizaram neste período de pré-campanha, o ambiente foi de serenidade e moderação.
Logo após o debate (a que pode assistir aqui), a acalmia deu lugar ao entusiasmo dos comentadores, especialmente o de Ana Catarina Mendes, que na SIC fez uma crítica inflamada ao que considera ser a incoerência de Rui Rio (veja o comentário na íntegra aqui). Disse a secretária-geral adjunta do PS perante o ar indignado do seu interlocutor no estúdio, o social-democrata António Leitão Amaro: “Mais uma vez neste debate, como vem acontecendo ao longo dos debates entre líderes partidários, [Rui Rio] dá o dito pelo não dito. Desde que é líder do PSD, o Dr. Rui Rio disse sempre que estava contra a reposição das 35 horas mas hoje diz que afinal devíamos estender as 35 horas ao sector privado.”
A ser verdadeira, a contradição não é de pormenor. A questão das 35 horas de trabalho da Função Pública tem sido central no debate político desde que o PS, juntamente com os seus parceiros, decidiram instituí-la. Por causa dela, já acusou Rui Rio, alguns serviços públicos, nomeadamente os do sector da saúde, têm vindo a dar sinais de debilidade provocados pela escassez de recursos humanos.
Mas será que Rui Rio afirmou mesmo que as 35 horas semanais deviam alargar-se ao sector privado?
Vejamos a transcrição literal da declaração de Rio: “(…) A partir do momento em que baixo [o horário de trabalho] na Função Pública, uma das coisas que eu acho mal na política é termos um governo que faz uma coisa e vem outro e a mesma coisa muda. Há muita instabilidade. O PSD só faria isso [voltar às 40 horas semanais] numa situação de emergência como a que existiu antes. Caso contrário vamos é lutar para que o desenvolvimento possa levar o sector privado também a essa redução, mas não é agora, é se nós tivermos crescimento e desenvolvimento económico que o permita. Neste momento não permite.”
Face às declarações de Rio, parece evidente que a acusação da secretária-geral adjunta de António Costa carece de rigor. O que Rio afirmou foi, em resumo, o seguinte:
- Que é contra as 35 horas semanais;
- Que não conta reverter a medida do Governo socialista por considerar que geraria instabilidade;
- Que não acha justo que exista uma diferenciação entre o sector público e o privado;
- Que considera que o ideal era que o sector privado se aproximasse do público;
- Que isso só poderia acontecer se as empresas tivessem arcaboiço financeiro para sustentar o peso financeiro da medida;
- Que neste momento isso não é possível.
Avaliação do Polígrafo:
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