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| - No rescaldo das eleições europeias de 26 de maio, nas quais elegeu pela primeira vez um deputado ao Parlamento Europeu, Francisco Guerreiro, o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) lançou anteontem uma nova publicação na sua página oficial no Facebook, realçando que “desde a primeira eleição em 2011, os apoios ao PAN não param de crescer!”
Sob o título “Espiral de Resultados”, a imagem da publicação apresenta os resultados obtidos pelo PAN nas eleições legislativas de 2011 (57.849 votos, 1,04% do total), eleições europeias de 2014 (56.363 votos, 1,72% do total), eleições legislativas de 2015 (75.140 votos, 1,39% do total) e eleições europeias de 2019 (168.501 votos, 5,08% do total).
No centro da imagem está uma referência às eleições legislativas de 2019 (agendadas para outubro), com pontos de interrogação nos votos e respetiva percentagem. A mensagem é clara: “os apoios ao PAN não param de crescer”, em todas as eleições, consecutivamente, pelo que se perspetiva um novo aumento de votos nas legislativas de 2019.
Como tal, o PAN agradece aos seus eleitores e/ou seguidores nas redes sociais: “E tudo isto graças ao teu apoio. Não conseguimos parar de te agradecer! Vamos a isto, que 2019 ainda promete. Vamos sentar as causas de tod@s na Madeira e na Assembleia da República! Pelos Direitos Sociais e Humanos, pelo Ambiente, pela proteção dos Animais!”
Os números evocados na publicação estão corretos? É verdade que desde a primeira eleição em 2011 que os votos no PAN “não param de crescer“?
Verificação de factos, a pedido de vários leitores do Polígrafo.
De facto, os números estão corretos (pode conferir aqui, no arquivo online de resultados eleitorais da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna). Ou seja, os votos no PAN aumentaram sempre nas referidas eleições.
No entanto, a publicação omite as eleições autárquicas de 2017. Ou seja, destaca que os votos no PAN aumentaram sempre de eleição para eleição, desde as legislativas de 2011. Mas não faz qualquer referência ao resultado obtido nas autárquicas de 2017.
Ora, nessas eleições autárquicas, realizadas no dia 1 de outubro de 2017, o PAN obteve (ao nível nacional) um total de 55.921 votos, 1,08% do total (pode conferir aqui), no âmbito das câmaras municipais. O resultado para as assembleias municipais foi ligeiramente superior: 73.571 votos, 1,42% do total.
Em qualquer dos casos (para câmaras municipais ou assembleias municipais), o número de votos obtido pelo PAN nas autárquicas de 2017 foi inferior ao que tinha conquistado nas legislativas de 2015 (75.140 votos). Porém, é importante referir que nessas eleições o partido de André Silva concorreu apenas a 32 municípios, correspondentes a 47% da população – ou seja, caso tivesse concorrido à totalidade das autarquias a votação seria potencialmente maior.
Em suma, não é rigoroso dizer que desde a primeira eleição em 2011, os votos no PAN não tenham parado de crescer, mas é justo mencionar que na eleição que o PAN não refere no seu material de propaganda, o partido só foi a votos numa minoria de municípios.
Nota editorial: este texto foi atualizado às 18h35 do dia 4/06 com a inclusão dos dados relativos às eleições autárquicas de 2017, a que o PAN concorreu somente a 32 municípios.
Avaliação do Polígrafo:
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