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  • “O meu tio Pete vem cá às vezes. Vive connosco de vez em quando. É muito gentil comigo — ao segurar-me, ao ouvir-me e ao fazer com que me sinta amado. Uma noite, quando me estava a abraçar, começou a tocar nas minhas partes íntimas. Ao longo do tempo ensinou-me a tocar e brincar com as dele. Pareceu-me estranho, assustador e um bocadinho bom também. Ele disse-me que estava tudo bem, que aquilo significava que realmente gostava de mim. Aconteceu durante vários meses. E disse-me: ‘Este é o nosso segredo especial’.” Este é um excerto de um livro chamado “Alfie’s Home”, escrito em 1993 (ou seja, há 30 anos), e que, tal como é possível ler na sinopse, conta a história de um rapaz que foi “abusado sexualmente por um tio” e que terá ficado com “dúvidas sobre a sua identidade sexual”. O autor, Richard A. Cohen, já esteve envolvido em várias polémicas, descreve-se como “terapeuta de reconversão sexual“, vende-se como um exemplo de alguém que voltou a ser heterossexual (“ex-homossexual”) e, apesar de não ser um terapeuta com licença, garante que tem como missão não só educar e apoiar jovens e pais sobre a homossexualidade, como também ajudar na aceitação de ‘ex-gays’ na comunidade. Num post inicialmente publicado pela deputada Rita Matias a 28 de julho, partilhado depois na rede social Facebook por outro utilizador com os devidos créditos, está escrito que “a normalização da pedofilia está em curso”. A dirigente do Chega e outros internautas que a citam consideram que aquele excerto do livro de Richard A. Cohen revela que se está a normalizar a pedofilia. Além de este ser um livro com 30 anos, publicado em 1993, e de nunca ter deixado de ser controverso, a ideia de Rita Matias, de que há uma “normalização da pedofilia em curso”, perde força se se ler o resto da história. O livro apresenta-se exatamente com o objetivo contrário ao sugerido na publicação: contar a história de uma criança que foi alvo de abusos sexuais, para que este tema tivesse a atenção do público. Aliás, o livro expõe o assunto até de forma fria, com as dúvidas que o abuso gera no jovem, que chega a questionar-se sobre se a atitude do tio seria ou não correta. Ou seja, no livro não existe um posicionamento favorável ao ato, pelo contrário. Ao longo do livro é possível perceber que a criança viveu vários momentos traumatizantes, desde a relação dos pais (“a mamã e o papá costumavam discutir”) aos abusos do tio, e acaba por pedir a ajuda de um profissional: “Fui a um terapeuta pedir ajuda e conselhos.” Explica ao terapeuta que acredita ser gay, mas este diz-lhe que não — e que apenas “sentia falta do amor do pai e que o tio lhe tinha ensinado coisas erradas”. “Ele disse-me que o que o meu tio me fez foi muito mau. Que nunca deveria ter-me tocado nas minhas partes íntimas nem fazer-me brincar com as dele. O terapeuta disse-me que não era culpa minha e que o meu tio se tinha aproveitado da minha carência de amor paternal”, pode ler-se no livro. A criança explica ainda que o terapeuta quis falar com os pais, para os ajudar a entender o que se passou e que aconselharia a que o tio também procurasse ajuda. Ou seja, não há qualquer indício de normalização em toda a história. Apesar de o autor ser controverso no que toca à ideia de que a homossexualidade pode ser revertida — desde logo porque assume ter sido gay e alvo de conversão, tendo dito até numa reportagem sobre conversão da orientação sexual, no Washington Post, que agora é um “ex-homossexual” —, Richard A. Cohen não tem qualquer referência conhecida que aponte para uma “normalização” da pedofilia — fez até o contrário ao publicar este livro que aborda os abusos a menores e que termina com a necessidade de uma consulta com um terapeuta. Agora, apesar de não ter licença para ser terapeuta, faz sessões de terapia, dá a cara em seminários, participa em workshops e é escritor. Focou-se no tema das terapias do que diz ser conversão sexual. Conclusão Não é verdade que o livro “Alfie’s Home”, escrito em 1993 por Richard A. Cohen, aponte para uma “normalização” da pedofilia e dos abusos sexuais a menores — a publicação usa um excerto descontextualizado. Em segundo lugar, o controverso livro tem 30 anos e, portanto, não pode servir como prova ou reflexo de algo que alegadamente estaria agora em curso. Lendo a história, o jovem nasceu no seio de família desestruturada e foi alvo de abusos por parte do tio, mas acaba por pedir ajuda a um terapeuta para resolver a situação que, ele próprio, entende não ser normal. Ou seja, este livro conta a história de um jovem violado por um familiar e não é uma tentativa de normalização de qualquer ato do género, como a deputada do Chega Rita Matias tenta sugerir com a partilha. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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