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  • Bill Gates rima com redes sociais e redes sociais rimam com Bill Gates. O nome do fundador da Microsoft volta a estar no centro do furacão. É algo que não é novidade. Há, aliás, uma longa lista de supostas declarações do multimilionário que mereceram a atenção dos artigos de Fact Check, do Observador nos últimos anos. Desde as vacinas contra a Covid-19 que serviriam para “controlar a humanidade” a outras alegações sobre saúde, como sendo o responsável por “novos casos de malária nos Estados Unidos”, as alegações sobre Bill Gates dão pano para mangas. Fact Check. Bill Gates disse que as vacinas contra a Covid-19 vão servir para “controlar” a humanidade? Desta vez, a fundação de Bill e Melinda Gates está a ser acusada de financiar em 10 milhões de euros uma Universidade norte-americana, a Universidade de Wisconsin-Madison, em 9,5 milhões de dólares para tornar a gripe das aves “transmissível” para seres humanos. As publicações partilham uma captura de ecrã que mostra uma imagem de Bill Gates e um título que acusa o fundador da Microsoft de “bioterrorismo” por financiar a gripe das aves (H5N1) descrita pelo Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Estados Unidos como responsável por “surtos em aves e vacas leiteiras nos Estados Unidos, com três casos humanos recentes”. É por isso avaliada como sendo de “baixo risco para a saúde pública“. Além disso, a captura de ecrã permite perceber que as “revelações perturbadoras” partem da Fundação McCullough. De acordo com a informação no site, a fundação diz que luta pela “liberdade médica” e critica a “manipulação por parte das autoridades de saúde” durante o combate à pandemia de Covid-19. A fundação tem o nome do cardiologista norte-americano Peter McCullough, que é acusado de promover desinformação sobre vacinas e sobre a Covid-19. Mas regressemos à publicação. No próprio site da fundação de Bill e Melinda Gates há, de facto, informação sobre um apoio na ordem de 9,5 milhões de dólares à Universidade de Wisconsin-Madison. O investimento teria como objetivo ajudar a identificar mutações de vírus que serviriam como alertas precoces de possíveis vírus de gripe pandémica, de acordo com o comunicado publicado no site da fundação. Com o apoio da fundação de Bill e Melinda Gates, a equipa de Yoshihiro Kawaoka iria focar-se na investigação em busca de um método “mais confiável de identificação de ameaças de gripe à saúde humana“. Ao consultar a página da Universidade de Wisconsin-Madison, percebemos que o anúncio do financiamento da fundação de Bill Gates aconteceu em 2009. Sem surpresas, nem a Universidade, nem a Fundação de Bill Gates menciona o objetivo de tornar a gripe das aves “transmissível” para seres humanos. Aliás, em sentido contrário. De acordo com o investigador principal do projeto, Yoshihiro Kawaoka, professor de virologia da Escola de Medicina Veterinária da Universidade a identificação de ameaças de gripe permite o “controlo de surtos do vírus da gripe”. A investigação da Universidade de Wisconsin-Madison nunca teve como objetivo tornar a gripe das aves mais transmissível para seres humanos. Ainda assim, para facilitar o reconhecimento precoce de surtos, os investigadores procuraram “mutações em proteínas” que “facilitem a replicação em células humanas“. O objetivo é exatamente o contrário do que é propagado nas redes sociais. O projeto financiado pela fundação de Bill Clinton em 2009 procurava “identificar mutações” que permitam que “os vírus aviários se adaptem às células humanas”, para desenvolver um “sistema de alerta precoce” e “prever o potencial pandémico do vírus da gripe“. Conclusão A Fundação de Bill e Melinda Gates financiou um projeto de investigação científica na Universidade de Wisconsin-Madison na ordem dos 9,5 milhões de euros. Mas é a única informação correta que está nas publicações em causa. A acusação de “bioterrorismo” levantada pela Fundação McCullough acusa Bill Gates de financiar uma investigação para tornar a gripe das aves mais transmissível. Primeiro, a Fundação McCullough tem um historial desinformação, particularmente ligado à pandemia de Covid-19. Segundo, de acordo com a informação da Universidade e do próprio responsável pelo projeto, o objetivo da investigação era exatamente o contrário: desenvolver um “sistema de alerta” que fosse capaz de “prever o potencial pandémico do virus da gripe.” Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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