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| - “Não há peste! Veja bem como isto a História se repete… Não há peste, é uma invenção! Não há peste nenhuma! As pandemias têm uma coisa que é a seguinte: as medidas são fundamentais para conter, para controlar. E as grandes potências do mundo, nomeadamente democráticas que é mais difícil controlar em democracia, é mais fácil em ditaduras”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, no vídeo em causa. A voz parece ser autêntica.
A partir das imagens de fundo do vídeo e também da voz do interlocutor – a saber, António José Teixeira, jornalista e diretor de informação da RTP – verifica-se que foi extraído a partir da mais recente entrevista que Rebelo de Sousa concedeu à RTP, no dia 2 de novembro de 2020.
Ora, analisando os gestos do entrevistado, além de uma breve interjeição do jornalista pelo meio, conseguimos verificar que o vídeo foi manipulado ou adulterado a partir de um momento específico da entrevista original (e verdadeira) em que o Presidente da República profere a seguinte declaração:
“A sociedade está numa larga medida fatigada, lassa… Setores que começaram pelos mais jovens, mas depois alargou-se, alguns deles até têm posições negacionistas… Não há epidemia, não há pandemia! Por outro lado, a sociedade, pergunta-se o seguinte: mas porque é que nos havemos de preocupar com os doentes Covid-19 e não com os outros? E têm de perceber que estão todos no mesmo barco. Quer dizer, o agravamento em termos de situação de pandemia afeta depois, nos internamentos como nos cuidados intensivos, os doentes não Covid-19. Mas a sociedade, portanto, está preocupada com salários, está preocupada com desemprego, não havia essa situação há oito meses. Está preocupada com a situação económica”.
Ou seja, Rebelo de Sousa não disse que a pandemia “é uma invenção” e serve para “controlar” os cidadãos. Pelo contrário, alertou para o problema das “posições negacionistas” que estão a afetar a coesão da sociedade, no decurso de uma pandemia em que “estão todos no mesmo barco”.
Concluindo, é um vídeo manipulado ou adulterado, nova categoria de classificação do Polígrafo (e do Facebook) que se aplica, entre outras situações, a “conteúdos multimédia editados para omitir ou reordenar as palavras que alguém disse para inverter o significado da declaração”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Adulterado: conteúdos de imagem, áudio ou vídeo que tenham sido editados ou sintetizados para além dos ajustes de clareza ou qualidade de formas que podem induzir as pessoas em erro; esta definição inclui emendas, mas não excertos dos conteúdos multimédia ou a apresentação de conteúdos multimédia fora do contexto; ao abrigo dos nossos Padrões da Comunidade, também removemos determinados vídeos manipulados produzidos por inteligência artificial ou aprendizagem automática e que provavelmente induziriam uma pessoa comum a acreditar que o interveniente do vídeo proferiu palavras que realmente não disse.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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