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| - No dia 8 de maio, em entrevista à RTP, André Ventura, cabeça-de-lista da coligação Basta às eleições europeias, destacou a sua proposta de estabelecimento de “campos de castração química” para “combater aqueles que mais mal fazem às nossas crianças!” Referia-se ao “combate à pedofilia e aos abusos sexuais de menores”, criticando a União Europeia por “não fazer nada” quanto a essa matéria.
Ontem à noite, o humorista Ricardo Araújo Pereira utilizou essa citação isolada no seu programa televisivo “Gente Que Não Sabe Estar”, num contexto de sátira política. Mas a citação em causa rapidamente se espalhou pelas redes sociais, carecendo do respetivo contexto.
É mesmo verdade que Ventura defende o estabelecimento de “campos de castração química” para pedófilos?
Apesar de se tratar de um exercício de humor e sátira política, Araújo Pereira teve o cuidado de não difundir apenas a parte da entrevista em que Ventura afirma, de facto, que “nós defendemos estes campos de castração química“. O vídeo de alguns segundos que passou no referido programa exibia também a parte seguinte, na qual Ventura corrige desde logo o que acabara de dizer.
Pode conferir a afirmação completa de Ventura na gravação em vídeo da entrevista à RTP, a qual passamos a transcrever:
“A questão da pedofilia e dos abusos sexuais. Quando nós colocámos estes outdoors, com uma linguagem muito forte, é mais uma vez a mesma questão: a União Europeia tem estado muito preocupada com o branqueamento de capitais, e bem, com a evasão fiscal, e bem, porque nós também o queremos controlar, e em matéria de combate à pedofilia e aos abusos sexuais de menores, nada! E portanto, quando nós vimos dizer assim, castração química, é porque não há hoje outra forma de combater aqueles que mais mal fazem às nossas crianças! E nós queremos que a Europa também pegue nisto. Quando nós defendemos estes campos de castração química… Bom, campos não é aqui a melhor solução…”
Entretanto, hoje, em declarações ao jornal digital “Notícias ao Minuto“, o candidato pediu desculpa pelo sucedido e explicou que queria dizer “centros” e não “campos“.
“Confrontado pelo ‘Notícias ao Minuto’, o ex-social-democrata começou por fazer um ‘pedido de desculpa por ter usado a expressão ‘campos’, frisando, contudo, que se tratou de um ‘lapso‘. Embora tenha sublinhado ser um ‘fervoroso defensor da castração química de pedófilos‘, o candidato a eurodeputado reconheceu que a ‘expressão ‘campos’ remete para uma época histórica de má memória e de intolerável evocação‘, razão que o leva a ‘lamentar’ o episódio que acabou por ser alvo de paródia no programa ‘Gente Que Não Sabe Estar'”, informou o referido jornal.
Em suma, Ventura defende o estabelecimento de “centros” de castração química e não “campos” de castração química.
Avaliação do Polígrafo:
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