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| - “Fartamo-nos de avisar, mas muita gente prefere enterrar a cabeça na areia, e dizer que são teorias da conspiração… Em Oxford, esta anormalidade já está implementada desde Junho passado, com violenta contestação da população… E a CML já tem projectos para Lisboa, a serem aprovados”, destaca-se numa publicação no Facebook, datada de 27 de fevereiro.
No post, é apresentado um quadro que aponta, em várias áreas, objetivos a atingir até 2030, tanto numa versão “progressiva” como numa versão “ambiciosa”. Na legenda destas imagens lê-se ainda:”Cidades de 15 minutos são o atalho para: ausência de transportes privados – fim de todos os carros particulares, três peças de roupa por ano por pessoa, erradicação do consumo de carne e lacticínios e autorização para um pequeno voo a cada três anos para cada pessoa.”
Alega-se ainda que “estes objetivos são para implementar até 2030 sem voto democrático”. Será verdade?
As imagens exibidas na publicação em análise foram retiradas do relatório “The Future of Urban Consumption in a 1.5°C World”, desenvolvido pela empresa de desenvolvimento sustentável Arup, pela Universidade de Leeds e pelo projeto de networking de cidades “C40”.
Na descrição do documento alega-se que explora “como as emissões baseadas no consumo das cidades precisam de reduzir para evitar um colapso climático, concentrando-se em seis áreas – alimentos, construção, vestuário, veículos, aviação e eletrónicos – onde líderes, empresas e o público podem agir para mudar hábitos de consumo, reduzindo significativamente as emissões de gases”.
Assinala-se ainda que o documento de pesquisa “estabelece metas científicas para cidades para redução de emissões que são consistentes com as ambições do Acordo de Paris de 2015”, bem como “identifica as principais oportunidades inexploradas para as cidades lidarem com o impacto do consumo urbano enquanto oferecem vários outros benefícios para seus cidadãos”.
Ou seja, em primeiro lugar, é de destacar o teor académico e científico do documento em causa. Tratam-se de objetivos a cumprir para a redução do impacto ambiental e não há registo de que estejam a ser implementados “sem voto democrático” como se afirma no post. Por outro lado, os objetivos destacados na publicação fazem parte da lista de metas “ambiciosas” que são colocadas lado a lado com metas “progressivas” até 2030, ou seja, são as mais extremas das duas.
A menção a Oxford encontra-se também descontextualizada, já que não é feita qualquer referência à cidade no documento. Além disso, a cidade inglesa não faz parte do conjunto de cidades do projeto “C40“. Em janeiro, o Polígrafo verificou ser falsa a informação que circulava nas redes sociais de que a cidade inglesa vai avançar com um “teste de confinamento climático” em 2024. Ou seja, este tipo de projetos de desenvolvimento sustentável de cidades são alvos frequentes de desinformação.
Nessa altura a plataforma de verificação de factos “AFP Checamos” já tinha identificado a origem desta alegação. No dia 29 de novembro, o Conselho do Condado de Oxfordshire, no sudeste da Inglaterra, onde se situa a cidade de Oxford (conhecida sobretudo pela prestigiada Universidade de Oxford) aprovou um novo plano de teste rodoviário no valor de 6,5 milhões libras, para limitar o trânsito automóvel em ruas movimentadas, nos horários de maiores picos. O teste terá a duração de seis meses, até o final de 2023, ou início de 2024. Depois disso será efetuada uma consulta pública para decidir se a estratégia deve ser adotada a longo prazo.
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Avaliação do Polígrafo:
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