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  • Se há locais no mundo onde a diversidade religiosa é uma realidade, os Estados Unidos são um deles. No país da América do Norte, católicos, protestantes, anglicanos, calvinistas, testemunhas de Jeová, judeus, islâmicos, budistas, hindus, entre muitos outros, convivem, regra geral, num ambiente de igualdade. Talvez por isso, uma imagem que circula nas redes sociais, que garante que o Congresso Americano declarou a bíblia como “a palavra de Deus”, tenha já sido partilhada mais de 115 mil vezes. O número significa, claramente, que a polémica está instalada, e não é para menos, éque aquela posição revela que o Governo coloca as religiões cristãs acima de todas as outras. A publicação surgiu no Facebook, no final do mês passado, e garante que o Congresso declarou a bíblia como a “palavra de Deus”, através de uma lei de 1982. O post é acompanhado por uma imagem que mostra um papel amarelo que parece ser uma declaração oficial do órgão legislativo dos Estados Unidos. Ora, a ser assim, é compreensível que o documento cause convulsão social, na medida em que todas as religiões que não são cristãs, vão assumir uma discriminação por parte da entidade que deveria evitar situações de exclusão, o Governo. No fim de contas, é possível afirmar que a imagem que circula nas redes sociais não representa uma declaração oficial do Congresso dos Estados Unidos, apesar de o “Ano da Bíblia” ter mesmo existido Porém, na imagem, numas letras mais pequenas, lê-se: “Autorizando e solicitando o Presidente a proclamar o ano de 1983 como o ‘Ano da Bíblia”. No fundo do documento, menos visível também, pode ver-se «Scriptures for America», e uma morada. O site de verificação de factos Truth or Fiction revela que a Scriptures for America é uma organização religiosa privada. De salientar que esta entidade não é responsável por publicar ou escrever declarações oficiais do Governo, pelo que deixa de fazer sentido estar referenciada tratando-se, aquele, de um documento oficial. Na declaração também é referida a lei 97-280, que existe, de facto. Porém,é aqui que se percebe que o documento não é aquilo que vários utilizadores da Internet querem fazer crer que é. A tal lei foi escrita para autorizar e pedir a Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos na altura, que declarasse o ano de 1983 como o “Ano da Bíblia”. No segundo ponto, é verdade que a lei 97-280 descreve a Bíblia como a «palavra de Deus», mas o pedido em questão é apenas para nomear o ano de 1983 como ano da bíblia. Nesse sentido, o Presidente Reagan assinou a Proclamação 518, a dar luz verde ao pedido: “O Congresso dos Estados Unidos, reconhecendo o contributo único da bíblia na forma como moldou a história e a personalidade da Nação, e dos seus muitos cidadãos, autorizou e pediu, pela Resolução Conjunta do Senado 165, ao presidente para designar o ano de 1983 como o ‘Ano da Bíblia’. Agora, eu, Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos da América, reconhecendo os contributos e a influência da bíblia na nossa república e nas nossas pessoas, venho por este meio proclamar 1983 como o ano da bíblia nos Estados Unidos. Encorajo todos os cidadãos a voltar a examinar e a redescobrir a sua mensagem intemporal e extremamente valiosa.” Ainda assim, a proclamação foi polémica. Grupos de ateus consideraram que ela representava uma ofensa para os grupos que não professam a fé cristã, inclusivamente, chegou a correr em tribunal um processo que alegava que a iniciativa violava a Constituição. No fim de contas, é possível afirmar que a imagem que circula nas redes sociais não representa uma declaração oficial do Congresso dos Estados Unidos, apesar de o “Ano da Bíblia” ter mesmo existido. Aparentemente, o documento foi impresso e vendido por uma franja da igreja “Christian Identity”, que adicionou ao documento o título “O Congresso declara a bíblia como a ‘palavra de Deus’”. Avaliação do Polígrafo:
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