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| - O excerto que agora circula nas redes sociais tem pouco menos que um minuto e resulta num “corte e cose” de uma entrevista do coordenador do Grupo de Projeto para a Jornada Mundial da Juventude 2023, José Sá Fernandes, ao programa “70×7”, da RTP2, em junho de 2022. Nele, Sá Fernandes diz que o investimento nas “zonas verdes”, nomeadamente na zona ribeirinha, junto ao Tejo, tem um “valor incalculável” e que “não se paga”. Além disso, em relação ao valor simbólico do encontro, o coordenador do grupo garantia que este iria “superar” qualquer montante que se gaste no evento. O Polígrafo recorda as declarações.
O programa, que foi para o ar em junho de 2022, levou José Sá Fernandes até aos terrenos do parque da Bobadela, que estão ainda a sofrer alterações para receber a JMJ em agosto deste ano. Sobre elas, o coordenador do Grupo de Projeto formado em 2021 afirmou:
“Eu fiz muitos parques em Lisboa e há uma coisa de que eu tenho a certeza: sempre que nós fazíamos um parque o retorno era imediato. As pessoas apropriam-se do terreno e os parques ficam para sempre: para todas as crianças, para os pais, para os avós, para as pessoas correrem, para namorarem, passearem, lerem, descansarem. Isso tem um valor incalculável.”
Apelando a que o “raciocínio” geral seja esse, Sá Fernandes disse ainda que esse retorno “não se paga”, mas foi mais longe: “Um encontro de juventude, que fala sobre os problemas da juventude, os sonhos da juventude, não se paga. Não é todos os dias que se faz encontro de um ou dois milhões de pessoas. Isso também tem um valor.”
Mais à frente na entrevista, Sá Fernandes voltou ao tema e focou-se no fator ambiental das obras para receber a JMJ: “Loures vai começar a ter Tejo. Isso é uma satisfação pessoal. Se acrescentarmos a isto o facto de ser um evento para a Juventude e a vinda do Papa Francisco, é uma motivação. E isso é uma coisa que eu gostava de transmitir, mesmo em relação ao valor – três milhões ou quatro milhões, vai haver dezenas de discussões dessas -, ninguém me vai convencer que o valor do encontro e de se transformar um terreno que não serve ninguém num terreno para sempre para 100 mil pessoas não é incalculável. O benefício é este e supera qualquer valor que se gaste nisto.”
Agora, na última quarta-feira, e em declarações à SIC Notícias, José Sá Fernandes criticou duramente a solução encontrada por Carlos Moedas para o altar-palco, já que “a solução que estava prevista ao princípio custava à volta de 1,5 milhões, vamos supor dois milhões, depois passou para três milhões, mas depois aumentou-se de uma maneira enorme a pala que fica agarrada à laje e teve que se fazer fundações para segurar a pala”.
“Ninguém vai a um concerto com uma coisa lá em cima. Isto é um palco que tem uma função de visibilidade para os espetáculos, mas o vice-presidente [da autarquia, Filipe Anacoreta Correia] disse que tinha que ser retirado e redesenhado, o que terá um custo a acrescer a estes 5,3 milhões de euros — mais IVA”, concluiu.
Apesar disso, e em declarações à Agência Lusa, Sá Fernandes acabou por ceder: “O que eu quero é que isto corra tudo bem. E que a gente consiga articular as coisas. Eu sou coordenador da Jornada da parte do Estado e, portanto, as minhas tarefas são as que dizem respeito ao Estado. A Câmara Municipal [de Lisboa] faz as suas, a Câmara de Loures faz as suas tarefas e o coordenador do evento é a Igreja.”
Avaliação do Polígrafo:
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