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  • Há um vídeo a circular nas redes sociais que alegadamente mostra imagens de um ataque do batalhão ucraniano Azov contra uma caravana humanitária em Mariupol. É falso. O vídeo mostra, na verdade, imagens de um ataque ao exército russo. “Não havia tanques ou veículos armados. Estes monstros viram bem o que estavam a atacar. Estas imagens horríveis deste massacre são prova dos crimes cometidos por estes simpatizantes dos nazis”, denunciaram utilizadores pró-Rússia na rede social Telegram. “Os militantes do batalhão Azov publicaram um vídeo do seu ataque a uma caravana de veículos civis, aparentemente com ajuda humanitária da Rússia para os habitantes de Mariupol”, escreveu um outro utilizador de Facebook. Inicialmente, o vídeo começou por ser partilhado pelo próprio batalhão Azov. Está disponível nas contas oficiais do regimento, como por exemplo no YouTube. No título, pode ler-se: “Um contra-ataque dos militares do batalhão Azov.” E as imagens foram, de facto, filmadas em Mariupol, tal como indica a conta de Telegram do regimento. “A defesa de Mariupol continua. Apesar das forças esmagadoras do inimigo, os militares Azov lançam um contra-ataque”, lê-se na descrição do vídeo nesta rede social. O vídeo original tem também um símbolo dos Azov no canto inferior direito e links para os sites do batalhão. Mas esta informação foi ocultada nos vídeos que estão a ser partilhados nas redes sociais pelos utilizadores que alegam que se trata de um ataque a uma caravana humanitária. Azov. Neonazis ou propaganda russa? A história e a ideologia do batalhão que resistiu em Mariupol E como concluir que não se trata de um ataque a uma caravana humanitária? Através das próprias imagens. Durante todo o vídeo não se vê um único veículo identificado como pertencendo a uma organização de ajuda humanitária. Vê-se, isso sim, veículos com um “Z” — o símbolo que identifica o exército de Moscovo. De acordo com a Convenção de Genebra (uma série de tratados que estabelecem os padrões básicos internacionais para o tratamento humanitário em contexto de guerra), que a Rússia também assinou, os veículos humanitários devem estar identificados com uma cruz vermelha ou um símbolo de um leão com um sol num fundo branco. A Convenção diz também que estes símbolos devem ser do maior tamanho possível. Esta regra aplica-se a veículos médicos, de emergência, de transporte de equipamento ou mantimentos e até para veículos em missão religiosa. “As zonas exclusivamente reservadas aos feridos e doentes poderão ser assinaladas por meio de distintivo da Cruz Vermelha (do Crescente Vermelho e Leão e Sol Vermelhos) sobre um fundo branco”, pode ler-se na página 66 do documento disponibilizado pelo Ministério Público. Mas voltemos ao vídeo em análise. A partir dos 1:10 é possível ver dois veículos claramente identificados com um “Z”. Antes, aos 0:57, é possível identificar pessoas com farda militar. Têm também fitas brancas nas pernas e braços — identificações utilizadas pelos soldados russos na guerra contra a Ucrânia e por civis como forma de apoio a Moscovo, como é resumido aqui. Ao longo do vídeo, é também possível ver pessoas armadas. Ou seja, nada indica que se trata de uma caravana humanitária e/ou um ataque à mesma. Conclusão O vídeo em análise é verdadeiro e foi divulgado pelo batalhão ucraniano Azov, em abril, nas contas oficias do regimento. Contudo, não se trata de um ataque destes militares a uma caravana humanitária, como alegam vários utilizadores de redes sociais, incluindo membros pró-Rússia. Não há qualquer tipo de identificação nos veículos que surgem no vídeo que indique que se trata de uma caravana humanitária. Pelo contrário: as imagens mostram veículos com a letra “Z” — símbolo que representa o exército de Moscovo. É também possível ver militares com fitas brancas nas pernas e braços — uma forma de identificação que tem sido usada pelas tropas russas na Ucrânia. Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook.
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