schema:text
| - Pelo menos desde 24 de janeiro que circulam nas redes sociais publicações que referem que o governo israelita decidiu acabar com o chamado “green pass”, o certificado que atesta a vacinação completa contra a Covid-19 ou a recuperação da doença, na sequência de um incêndio na residência oficial do primeiro-ministro. A informação é falsa — por essa altura, o passe ainda se encontrava em vigor e não existe qualquer registo de um fogo começado por manifestantes na casa de Naftali Bennett.
Os posts, que incluem um print screen de um programa do canal argentino LN+ (conforme confirmou a AFP), que surge acompanhado por uma legenda que refere que uma “grande mobilização” incendiou “há duas semanas” a casa do primeiro-ministro, parecem ter origem nas recomendações do grupo de especialistas que acompanha a pandemia em Israel, divulgadas a 23 de janeiro.
De acordo com o The Times of Israel, os especialistas que aconselham o Ministério da Saúde israelita anunciaram nesse dia que o governo devia cancelar o “green pass”, porque a transmissibilidade e a capacidade da variante Ómicron de infetar pessoas vacinadas o tornava irrelevante. Os investigadores defenderam que o passe podia transmitir uma falsa sensação de segurança a quem o utilizava, levando a um relaxamento das medidas de precaução e a um aumento do risco de transmissão.
Os argumentos não convenceram o governo, que decidiu manter o “green pass” por mais umas semanas. A medida preventiva manteve-se em vigor até 7 de fevereiro, quando foi levantada a obrigatoriedade de apresentar o certificado na maioria dos espaços fechados, mas não em todos — segundo o The Times of Israel, os israelitas vão ter de continuar a mostrar o passe nos locais fechados em que se considera existir um maior risco de infeção pelo SARS-CoV-2, como salas de espetáculos ou discotecas. O levantamento do passe coincidiu com o relaxamento de várias outras medidas preventivas, na sequência de um abrandamento na transmissão da variante Ómicron.
Se a informação relativa ao cancelamento do “green pass” não é verdadeira, o mesmo se pode dizer em relação ao alegado fogo que consumiu a residência oficial do primeiro-ministro israelita, conhecida como Beit Aghion. Uma pesquisa no motor de pesquisa do Google não permitiu encontrar qualquer notícia sobre o suposto incêndio.
É, no entanto, verdade que tem havido manifestações em Israel contra o certificado e contra a vacinação, à semelhança do que tem acontecido um pouco por todo o mundo. Em outubro do ano passado, quando o governo decidiu alargar a utilização do passe, a medida gerou uma onda de protestos em vários pontos do país, como noticiou na altura a ABC.
Conclusão
A 7 de fevereiro, deixou de ser necessário apresentar o “green pass”, o certificado que atesta a vacinação completa contra a Covid-19 ou a recuperação da doença, na maioria dos espaços fechados em Israel. O levantamento do passe coincidiu com o relaxamento de várias outras medidas preventivas na sequência de um abrandamento na transmissão da variante Ómicron e não após manifestantes terem provocado um incêndio na residência oficial do primeiro-ministro, como é sugerido nas redes sociais. Relativamente a esse fogo, não existe qualquer indício de que tenha acontecido.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
|