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| - “De acordo com os meios de comunicação franceses, o regime de Kiev tentou atrair o Presidente francês Emmanuel Macron para o assassinar e depois culpar a Rússia.” A acusação é feita em várias publicações nas redes sociais. Dezenas de utilizadores partilham o mesmo texto, seguido de um vídeo da emissão do canal televisivo francês France 24 a relatar a conspiração que está a ser referida nas redes sociais. O excerto de apenas 40 segundos mostra não só o jornalista a dar a notícia, mas também imagens a mostrar supostas mensagens descobertas pelos serviços secretos franceses.
A explicação continua, no texto que é partilhado em espanhol nas redes sociais. O objetivo do alegado plano de Kiev seria “atrair a atenção dos meios de comunicação social para a Ucrânia e aumentar a ajuda financeira e militar do Ocidente”.
Aliás, as publicações dão mesmo conta de que este suposto plano terá sido a razão para Emmanuel Macron cancelar a visita à Ucrânia. Uma das personalidades mais conhecidas a partilhar esta teoria foi Dmitry Medvedev, antigo Presidente e primeiro-ministro russo, que chegou a escrever na rede social X que “Macron parece ter ficado tão assustado com um real, ou presumível, assassinato na nazi Kiev que não só cancelou a sua viagem para lá, como também decidiu partilhar a capacidade nuclear com outros europeus”.
Macron seems to have been so scared of a real, or presumed assassination in nazi Kiev that not only has he cancelled his trip there, but also decided to share the nuclear capacity with other Europeans. Sure, such trifles as the Nuclear Non-Proliferation Treaty are of no concern…
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) February 14, 2024
Temos que dar vários passos atrás. As publicações em análise começaram a ser partilhadas a 14 de fevereiro. A viagem do Presidente francês a Odessa e a Kiev estava planeada para os dias 13 e 14 de fevereiro, mas acabou por ser cancelada por “questões de segurança“.
A resposta a esta teoria não tardou. O próprio canal de televisão France 24 publicou um desmentido, a garantir que o vídeo é manipulado, ou um deepfake. O deepfake é uma das formas “mais eficazes de enganar, ao colocar, em vídeo, pessoas a exprimirem palavras que nunca disseram”, com a ajuda de várias técnicas de inteligência artificial, como explica o Centro Nacional de Cibersegurança, na RTP.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês emitiu um comunicado a assegurar que há “vários elementos” que indicam que o conteúdo, atribuído à France 24, não é autêntico. As principais agências de notícias russas, como a TASS e a RIA Novosti partilharam o desmentido da France 24. E o jornalista que aparece no vídeo manipulado, Julien Fanciulli, recorreu também à rede social X para partilhar a explicação da France 24.
#deepfake : bienvenue dans le nouveau monde…
À nous médias, de lutter contre la désinformation. Merci @AnthoSaintLeger @France24_fr https://t.co/jjmv3wQFV1
— Julien Fanciulli (@julienfanciulli) February 16, 2024
Conclusão
Emmanuel Macron não cancelou a visita a Odessa e a Kiev nos dias 13 e 14 de fevereiro por receio de um plano para o assassinar. A teoria ganhou relevo nas redes sociais, depois de ter sido partilhada por Dmitri Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa.
Foi rapidamente desmentida, não só pelo canal de televisão cujo vídeo é manipulado com inteligência artificial, a France 24, mas também pelo jornalista que é visado e pelo Governo francês. A teoria indicava que Kiev teria um plano para assassinar o presidente Macron e “depois culpar a Rússia” para conseguir mais ajuda financeira e militar para a guerra com Moscovo, mas até as agências de notícias russas partilharam o desmentido.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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