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| - “O doutor Rui Rio preocupa-se muito com os números e isso foi-o tornando insensível às pessoas. No momento mais grave desta crise, quando estivemos a preparar o Orçamento do Estado para 2021, foi às jornadas parlamentares do PSD, em outubro de 2020, dizer que era contra o aumento do salário mínimo nacional e que era contra a redução de propinas no ensino superior”, acusou António Costa no início do debate desta noite, frente a Rui Rio.
Mas o líder do PSD negou a acusação: “Eu não sou contra o aumento do salário mínimo nacional. Relativamente às propinas, sim, pode-se explicar.”
Afinal, qual dos dois tem a memória mais curta?
Recuperando o discurso proferido por Rio no encerramento das jornadas parlamentares do PSD, a 21 de outubro de 2020, destaca-se a seguinte transcrição, quando falou sobre o salário mínimo:
“Não há apoio significativo e até há más notícias para as empresas. Já tive a oportunidade de dizer no plenário e dizer em público, porque eu acho que nós devemos estar na vida pública e política com toda a honestidade. Nem que custe dizer as coisas. Eu repito: não acho adequado o aumento do salário mínimo nacional num momento em que as empresas não conseguem vender e não têm receitas. E num momento em que as empresas estão a lutar para não ir à falência e que não têm a capacidade, inclusive, de pagar os salários, porque é o Estado que está a pagar uma parte do salário a muitas delas. Neste enquadramento, é política e economicamente desaconselhável.”
Fica assim claro que Rio estava contra o aumento do salário mínimo naquele contexto. Ou seja, é importante referir que Rio não é contra a ideia do aumento do salário mínimo – considera somente que este deve ser feito apenas e só se as condições económicas do país o permitirem.
Vejamos o que na mesma ocasião Rui Rio referiu, mas que Costa não sublinhou no debate televisivo: “Eu sempre defendi o aumento do salário mínimo nacional. Sempre. Pode discutir-se se mais um bocado ou menos um bocado, isso sim. Mas quando a taxa de desemprego é baixa e a economia está a crescer, nós temos de forçar a subida do salário mínimo nacional para não privilegiar justamente a competitividade pelos baixos salários. Outra coisa é o quadro que nós temos neste momento: as empresas, particularmente as mais pequenas, ou estão com a porta fechada ou estão com a porta aberta, mas não entram os clientes e andam a fazer a ginástica possível. Nós podemos estar a querer beneficiar quem ganha menos, e bem, e estarmos efetivamente a prejudicar quem ganha menos.”
Fica assim claro que Rio estava contra o aumento do salário mínimo naquele contexto. Ou seja, é importante referir que Rio não é contra a ideia do aumento do salário mínimo – considera somente que este deve ser feito apenas e só se as condições económicas do país o permitirem.
Quanto às propinas no ensino superior, as declarações de Rio não deixam margem para dúvidas:
“A exemplo do que disse do salário mínimo nacional, repito agora outra que também poderá não ser muito popular, mas é como é: baixar mais uma vez as propinas do ensino superior não faz sentido nenhum. Já baixaram o ano passado ou há dois anos, já estão a baixar outra vez, agora para um patamar em que a propina de um ano no ensino público fica equivalente à propina de um mês no ensino privado”.
Rio considerava, assim, “socialmente injusto” reduzir o valor cobrado em propinas, já que “está a baixar a propina a famílias que têm posses para pagar os estudos dos seus filhos. Não é assim que se faz o reequilíbrio social. A propina deve ter o valor justo em termos de necessidades de financiamento do próprio sistema. E depois aqueles que não têm possibilidades têm de ser compensados em sede de política social”.
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Avaliação do Polígrafo:
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