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| - A voz é de António Costa, não há dúvida quanto a esse facto. Estaria a discursar numa cerimónia de entrega dos “Prémios Manuel António da Mota”, com transmissão em direto na RTP3, a partir da cidade do Porto, mas sem qualquer indicação de data.
O breve trecho de vídeo, difundido viralmente nas redes sociais ao longo dos últimos dias, consiste em três frases proferidas por António Costa que depois são repetidas de forma circular (ou em loop). As imagens são enquadradas num telemóvel em posição horizontal, sobre o qual aparece a seguinte mensagem em destaque: “É isto que governa Portugal”.
“Diz-se que é o crescimento que gera emprego e é verdade, mas o desemprego também gera crescimento. E o desemprego gera sobretudo uma forma mais sã de sanearmos as nossas finanças públicas. E é por isso que esse tem que ser – e continuar a ser – uma prioridade fundamental da nossa política económica”, ouve-se o primeiro-ministro dizer.
Respondendo à solicitação de vários leitores, o Polígrafo confirma a autenticidade do vídeo, mas trata-se de um conteúdo descontextualizado. Na verdade, ao referir-se a “desemprego” nas duas primeiras frases, o primeiro-ministro queria dizer o inverso, “emprego”, algo evidente quando se ouve o resto do discurso proferido no dia 3 de dezembro de 2017.
A questão da data também é importante: o trecho de vídeo descontextualizado está a ser difundido nas redes sociais como se fosse de um discurso recente, no contexto do aumento do desemprego resultante da pandemia de Covid-19 em curso. Na realidade é um discurso mais antigo, remontando ao ano de 2017, quando o desemprego em Portugal estava numa tendência decrescente que se iniciara em 2014.
Ao discursar no Palácio da Bolsa, Porto, durante a cerimónia de entrega do “Prémio Manuel António da Mota” (edição de 2017), o primeiro-ministro enalteceu a criação de “mais de 240 mil empregos nos últimos dois anos” em Portugal e, nesse sentido, defendeu: “Temos por isso boas razões para continuar a apostar no emprego como uma grande prioridade. Porque o emprego é seguramente – e o emprego de qualidade – o mais importante factor de coesão social, de combate à pobreza e melhor contributo para o nosso desenvolvimento económico e também para a sustentatibilidade das nossas finanças públicas“.
A referência ao “desemprego” em vez de “emprego”, nas duas frases isoladas que estão a circular nas redes sociais, afinal não passou de um lapso linguístico de António Costa. Aliás, em notícias dessa altura em 2017 encontramos a indicação de que foi uma gafe involuntária, em óbvia contradição com o sentido do discurso em causa.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falta de contexto: conteúdos que podem ser enganadores sem contexto adicional.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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