schema:text
| - Kim Jong-un, o líder da Coreia do Norte, não é visto em eventos públicos desde o dia 11 de abril. Por ter faltado a uma das celebrações públicas mais importantes para o país – o aniversário do avô, Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte, comemorado no passado dia 15 de abril – a especulação em torno daquilo que teria acontecido ao neto disparou – e continua, ainda com mais intensidade.
Primeiro, alguns meios de comunicação credíveis deram conta de que o ditador fora operado de urgência ao coração no dia 12 de abril, intervenção cirúrgica que o teria deixado em estado crítico. Depois, a Coreia do Sul acabou por desmentir a notícia, garantindo que não havia evidências de que Kim Jong-un se encontrasse entre a vida e a morte. Porém, no dia 25 de abril, o site de notícias TMZ, citando jornais asiáticos, chegou mesmo a anunciar que o ditador de 36 anos tinha morrido, na sequência de complicações resultantes da intervenção cirúrgica.
A confirmação da morte pela Coreia do Norte acabou por nunca chegar, mas um dia depois, a 26 de abril, surgiu no Facebook uma publicação com um vídeo que parece ser a prova irrefutável de que o ditador, de facto, morreu. O clipe, com a duração de praticamente oito horas, mostra milhares de pessoas a chorar nas ruas de Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, enquanto acompanham o cortejo fúnebre de Kim Jong-un.
É certo que, à primeira vista, as imagens são credíveis, uma vez que apresentam o logótipo da agência de notícias Associated Press, um órgão de comunicação internacional altamente prestigiado. Ainda assim, a página de Facebook onde o vídeo foi partilhado chama-se Discovery TV, utiliza um logótipo semelhante ao do canal Discovery Channel, mas foi criada a 18 de abril deste ano, o que levanta fortes dúvidas sobre a autenticidade da publicação. Além disso, é estranho outros órgãos internacionais não terem replicado as imagens da Associated Press.
Pois bem, as dúvidas são mesmo uma confirmação: as imagens não correspondem ao funeral de Kim Jong-un. Apesar de serem autênticas, retratam o cortejo que antecedeu o enterro de Kim Jong-il, pai do atual líder da Coreia do Norte, que morreu em 2011. Isto mesmo confirma o site de verificação de factos Lead Stories, e a própria Associated Press, que alega que o vídeo “tinha má qualidade, pelo que se tornava difícil ver que a imagem de Kim Jong-il, o pai, acompanhava o cortejo fúnebre”.
Entretanto, talvez por ter sido desmascarada, a página de Facebook que publicou as imagens foi apagada, assim como o vídeo que alegava mostrar o funeral do atual líder do país asiático. No entanto, nos últimos dias, foi disseminada outra “prova” que garante que Kim Jong-un está, de facto, morto: uma fotografia, que também se tornou viral, que mostra o ditador deitado numa urna, inanimado, durante o seu alegado velório.
Mais uma vez, a imagem não é autêntica, e resulta de uma manipulação da fotografia original que foi captada e publicada no dia 20 de dezembro de 2011, pela agência Reuters. A foto verdadeira mostra, mais uma vez, o velório de Kim Jong-il, o pai de Kim Jong-un.
Quanto ao paradeiro do filho, o ainda líder do país mais fechado do mundo, continua, até agora, a não haver certeza. O que é garantido, por enquanto, é que a morte do ditador não é oficial e que os vídeos e as fotografias que alegam mostrar o seu funeral não passam de manipulações informáticas ou de imagens descontextualizadas.
Avaliação do Polígrafo:
|