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| - “A media está surda/muda”, acusa-se numa das inúmeras mensagens no Facebook sobre a suposta detenção de Barack Obama. A publicação é acompanhada de uma notícia na qual se diz que o antigo líder da Casa Branca “foi preso a 28 de novembro de 2020, sob a acusação de conspirar com um parceiro de negócios que também era ex-oficial da CIA para comunicar informações confidenciais nível Top Secret à inteligência da República Popular da China”.
Ainda de acordo com o referido artigo, a “queixa criminal contendo a acusação” teria sido aberta na manhã desse mesmo dia.
A alegação de que Barack Obama teria sido preso por crimes de espionagem foi tornada pública a 28 de novembro no Conservative Beaver, um site que diz apresentar “notícias conservadoras, ao estilo canadiano”. Uma pesquisa inversa pela imagem que aparece na publicação permite concluir que a mesma é uma montagem que circula nas redes sociais pelo menos desde 2010.
A maior parte do artigo, como explica a plataforma de verificação de factos da “AFP”, é uma cópia do comunicado do Departamento de Justiça emitido a 17 de agosto para anunciar a detenção de Alexander Yuk Ching Ma, ex-agente da CIA entre 1982 e 1989, no Hawai.
Ao fazer-se uma comparação entre o primeiro parágrafo do comunicado e o da notícia do site conservador canadiano é possível concluir que foram modificadas informações fundamentais: o nome de Ma foi substituído pelo de Obama e o cúmplice passou de um familiar para “um sócio”. Além disso, foi igualmente alterada a data da detenção: ocorreu a 14 de agosto e não no final do mês passado.
O referido site também incluiu no artigo uma declaração do procurador-geral adjunto John C. Demers idêntica à que integra o comunicado do Departamento de Justiça: “A traição nunca vale a pena. Seja imediatamente, ou muito anos depois deles pensarem que conseguiram escapar, vamos encontrar os traidores e colocá-los perante a justiça. Estes indivíduos são dispensáveis para os serviços de inteligência chineses. Para nós, são lembretes tristes da necessidade de estarmos vigilantes.”
A “AFP” revela que o texto foi editado para colocar tweets recentes que serviriam para provar a veracidade da alegação. Um deles foi publicado pela jornalista do The Guardian Natalia Antonova, que confirmou à agência de notícias ter partilhado a alegação para ironizar sobre “a teoria inverosímil”.
Outro dos tweets mencionados pelo site canadiano foi publicado por alguém que se identifica como “um orador da verdade”. A 30 de novembro, este utilizador escreveu que Obama tinha sido preso, negou que a sua fonte fosse o site que iniciou o boato mas não apresentou nenhuma prova que confirmasse a informação que propagava.
A notícia da suposta detenção de Obama não foi noticiada por nenhuma fonte oficial, agência de notícias internacional ou órgão de comunicação reputado e também não foi admitida ou confirmada por qualquer da equipa do antigo Presidente dos EUA.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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