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| - “Então em anos anteriores não tivemos uma sobrelotação? Em 2014 o mundo teria acabado já que foi o pior ano nos últimos 10, ainda assim, 2020 está abaixo da média. Quantas vidas se perderam indiretamente? Salvar o SNS ou salvar a vida humana? Enfim veja por si mesmo a taxa de ocupação”, destaca-se no texto da publicação em causa.
Depois surge a imagem de um gráfico que o autor garante ter origem no Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS). À primeira vista, a informação estatística disponibilizada na publicação parece validar a denúncia.
Mas será verdade que, apesar da pandemia de Covid-19, a taxa de ocupação em internamento registada nos hospitais do SNS em 2020 é inferior à de anos anteriores?
A resposta é não.
Observando os dados de ocupação em internamento disponibilizados no Portal da Transparência do SNS, os mesmos que o autor da publicação menciona, é possível verificar que, no ano de 2020, o registo só vai até até ao mês de outubro. Ou seja, ainda está por apurar a ocupação hospitalar nos meses de novembro e dezembro.
Nos anos anteriores, a taxa de ocupação foi contabilizada em 12 meses. Tendo em conta a falta de dados relativos aos últimos dois meses de 2020, conclui-se que a informação da publicação é enganadora. Os dados recolhidos no presente ano não são comparáveis com os de anos anteriores por estarem incompletos.
Em contexto de pandemia, pesa ainda mais o facto de os dados de novembro e dezembro não serem considerados na análise da publicação. O pico da pandemia de Covid-19 em Portugal registou-se em novembro. Nesse mês contabilizaram-se 156.782 novos infetados, cerca de metade dos casos registados desde o início da pandemia.
Por consequência, o número de internados com Covid-19 aumentou de forma significativa em novembro, incluindo os internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Ou seja, os dados dos últimos dois meses do ano serão fundamentais para apurar a taxa anual de ocupação em internamento de 2020.
Além disso, há que ter em conta o reforço da capacidade de internamento no SNS, principalmente o aumento da capacidade em UCI. O facto de terem sido instaladas mais camas nas unidades hospitalares para pacientes Covid-19 faz com que a taxa de ocupação em internamento não tenha disparado nos 10 meses em que os dados já se encontram apurados.
Por exemplo, segundo o documento de atualização da rede nacional de especialidade hospitalar e de referenciação relativo à Medicina Intensiva , no qual se regista o aumento de camas em UCI entre janeiro e maio de 2020, nas unidades hospitalares que integram a Administração Regional de Saúde do Norte, o número de camas em UCI passou de 229 no início do ano para 420 durante o primeiro pico pandémico na região.
Desde março, vários têm sido os anúncios por parte do Ministério da Saúde sobre o aumento da capacidade de internamento nos hospitais do SNS. Em junho, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, informou que, desde o início da pandemia, a capacidade da Medicina Intensiva tinha aumentado em 23%, de 629 camas para 819 ao nível nacional.
Em suma, conclui-se que a publicação é falsa ou enganadora, ao comparar dados incompletos de 2020 com dados completos dos anos anteriores. Ao que acresce a omissão do aumento da capacidade de internamento no SNS que também impossibilita uma comparação direta minimamente rigorosa com os anos anteriores.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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