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  • Circula nas redes sociais uma publicação que alega que o Papa Francisco “excomungou” da Igreja Católica o apóstolo São Paulo “pelas suas visões fascistas sobre as mulheres e o casamento”. “Papa Francisco comemora 87 anos hoje e excomunga da igreja o Apóstolo Paulo pelas suas visões fascistas sobre as mulheres e o casamento”, lê-se na publicação, que é acompanhada da hashtag #sátiraBabylonBee e de duas imagens: uma é uma fotografia do Papa Francisco ao lado de uma imagem do apóstolo São Paulo; a outra é uma ilustração que retrata o Papa Francisco a conviver alegremente com um demónio. O Observador viu várias versões desta publicação a circular em português no Facebook nos últimos dias. Praticamente todas as versões da publicação repetem aquela frase e a primeira imagem. Algumas das publicações acrescentam ainda alguns comentários contra o Papa Francisco, incluindo “vejam a ousadia do farsante” e “esse papa comuna acha que está acima de Deus??” Trata-se, porém, de uma publicação falsa, que aparenta estar a correr essencialmente em círculos frequentados por críticos do atual chefe da Igreja: o Papa Francisco não “excomungou” o apóstolo São Paulo da Igreja Católica. Aliás, a própria publicação contém em si a pista chave para detetar que se trata de uma falsidade: a hashtag #sátiraBabylonBee remete para o site “The Babylon Bee”, que é efetivamente a “fonte” desta publicação, ainda que esse contexto sobre a origem deste conteúdo não seja claramente percetível por alguns dos utilizadores que se confrontaram com o mesmo e que o difundiram. Trata-se, como explica o próprio site, de uma página satírica que versa especialmente sobre o Cristianismo e a vida política americana. Pode comparar-se, a título de exemplo, ao conhecido satírico português “Inimigo Público“. “O The Babylon Bee foi criado ex nihilo no oitavo dia da semana da criação, exatamente há 6.000 anos. Temos sido a principal fonte de notícias em todos os grandes acontecimentos do mundo, desde a Torre de Babel e o Êxodo até à Reforma e à guerra de 1812. Focamo-nos nos factos, deixando a propaganda e o enviesamento para outros sites de notícias, como a CNN e a Fox News”, lê-se na descrição do The Babylon Bee, num tom evidentemente satírico. A história da suposta excomunhão do apóstolo São Paulo tem origem numa “notícia” publicada a 11 de dezembro pelo The Babylon Bee. O artigo conta que a Igreja Católica tinha anunciado a decisão do Papa Francisco de excomungar o apóstolo São Paulo devido às suas “perspetivas retrógradas sobre as mulheres, as famílias e os assuntos sociais”. No texto é até citado um comunicado do Vaticano inventado: “Lamentamos anunciar que São Paulo já não é membro da Igreja Católica. O ensinamento problemático de Paulo sobre as chamadas famílias tradicionais e as mulheres não têm lugar no Catolicismo moderno.” O artigo também cita supostas declarações do Papa Francisco aos jornalistas, igualmente inventadas: “Lamentamos ter colocado este homem profundamente misógino e homofóbico num pedestal durante 2.000 anos. Proibir as mulheres de pregar, condenar a homossexualidade, dizer às mulheres que sejam castas, modestas e sossegadas na Igreja? Estou literalmente a tremer só de pensar nisso. O permanente desafio de Paulo às sensibilidades católicas modernas não será permitido.” O texto termina com uma última piada, afirmando que Francisco tinha já anunciado um outro inquérito contra São Pedro, devido à “continuada insistência do apóstolo para que as pessoas se arrependam dos seus pecados”. Efetivamente, são muitas e bastante célebres as passagens bíblicas controversas de São Paulo sobre as mulheres. Por exemplo, no 14.º capítulo da sua Primeira Carta aos Coríntios (“que as mulheres guardem silêncio nas assembleias, pois não lhes é permitido falar; pelo contrário, estejam submissas, tal como diz a Lei”), no segundo capítulo da Primeira Carta a Timóteo (“que ao ser instruída, a mulher o faça em silêncio e com total docilidade. Não permito à mulher que ensine, nem que exerça autoridade sobre o homem; pelo contrário, permaneça em silêncio”) ou o célebre apelo à “submissão” na Carta aos Efésios (“as mulheres sejam dóceis aos seus maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher como Cristo é a cabeça da Igreja”) e na Carta aos Colossenses (“esposas, sede submissas aos maridos, como convém no Senhor”). As palavras de São Paulo são, de resto, objeto de grande debate teológico sobre o seu verdadeiro alcance: se é verdade que as expressões usadas por Paulo diminuem a mulher em relação ao homem, é também verdade que esse foi o contexto histórico em que Paulo escreveu as suas cartas (e que o papel dado às mulheres nas primeiras comunidades cristãs, sendo inferior ao do homem, era já mais significativo do que o que sucedia na sociedade de então). Independentemente deste debate teológico, estes excertos dos escritos de São Paulo protagonizam frequentemente alguma controvérsia dentro da Igreja — sendo já cada vez menos usados, por exemplo, em celebrações de casamentos. A publicação agora em causa surge num contexto em que o Papa Francisco, que ao longo dos últimos dez anos tem levado a cabo uma ampla reforma da Igreja Católica, está a abrir a porta a alguns debates que, historicamente, foram tabus intransponíveis, incluindo a possibilidade de ordenação de mulheres (tema abordado, ainda que sem conclusões concretas, no mais recente Sínodo dos Bispos) e a possibilidade de bênção de casais de pessoas do mesmo sexo (que foi recentemente objeto de uma declaração formal do Vaticano). Esta abertura do Papa Francisco para discutir antigos tabus tem sido mal recebida nos setores mais conservadores da Igreja, atraindo duras acusações contra o atual chefe dos católicos — e até declarações por parte de bispos que garantem que não vão aplicar a mais recente declarações do Vaticano. A publicação que fala da suposta “excomunhão” do apóstolo São Paulo por parte do Papa Francisco é, portanto, falsa — tendo origem numa sátira concebida neste contexto concreto do pontificado do argentino. Conclusão Trata-se de uma publicação falsa, com origem numa página satírica devidamente identificada como tal: o Papa Francisco não excomungou o apóstolo São Paulo pelas suas ideias sobre as mulheres. Não há qualquer referência a tal decisão nos meios oficiais do Vaticano e, na verdade, nem poderia haver, na medida em que uma pessoa que já morreu não pode ser excomungada. Isto porque, na verdade, a excomunhão é uma pena aplicada pelo Direito Canónico a pessoas que incorram em determinados pecados, mas tem uma função essencialmente corretiva: priva a pessoa da comunhão e do exercício de funções na Igreja, mas com o objetivo de a fazer regressar após o arrependimento. A publicação dá simplesmente eco de uma piada divulgada numa página satírica, presumivelmente fazendo-a passar por verdade. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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