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  • “Mais do que as trafulhices políticas da esquerda e de António Costa, as pessoas não sabem, mas alguém recebeu dinheiro dos impostos com esta encomenda. É que isto paga-se, não é por caridade ou amor à camisola fluorescente. E não são tostões”, comenta o autor da publicação, na qual se alega que “foi o Governo que encomendou o relatório que considera o Chega um perigo e uma ameaça”. Em causa está um relatório sobre o extremismo de direita na Europa, divulgado no dia 15 de fevereiro, em que se assinala a “normalização” política do partido Chega em 2020 e alerta para a “possibilidade de radicalização das formas de protesto da extrema-direita portuguesa”. A ideia de que terá sido o Governo a encomendar o relatório já tinha sido propalada pela direção nacional do Chega, através de um comunicado emitido no dia 16 de fevereiro. “O Chega denuncia e lamenta a divulgação de um suposto relatório europeu onde são atribuídas graves responsabilidades ao Chega pela alegada ascensão e normalização da extrema-direita em Portugal. Dizemos suposta porque, na verdade, se analisarmos mais de perto, a parte do relatório a que nos referimos é da autoria de dois jornalistas portugueses, cujas opiniões sobre o Chega já eram, aliás, conhecidas”, acusou a direção do partido. Aliás, o próprio líder André Ventura partilhou o post que estamos a analisar, comentando: “Bem me parecia que havia qualquer coisa estranha ali! Mas já nada nos surpreende…” Na verdade, porém, o relatório intitulado como “Estado de ódio – O extremismo de direita na Europa” foi encomendado por três organizações não-governamentais, a saber: Hope Not Hate (Reino Unido), Expo (Suécia) e Fundação Amadeu António (Alemanha), as quais coordenaram as pesquisas desenvolvidas por outras ONG de vários países europeus. Na página da organização britânica informa-se que o documento inclui contribuições de 34 académicos, investigadores e ativistas europeus, apresentando perfis detalhados sobre movimentos de extrema-direita em 32 países, entre os quais Portugal. Os editores do projeto foram Joe Mulhall e Safya Khan-Ruf, ambos investigadores da Hope Not Hate. As três páginas dedicadas a Portugal foram elaboradas por dois jornalistas portugueses, Ricardo Cabral Fernandes e Filipe Teles, identificando seis grupos ligados à extrema-direita no país. O partido Chega é classificado como populista radical de direita, o Ergue-te (antigo PNR) como de extrema-direita, os grupos Escudo Identitário e Associação Portugueses Primeiro como identitários, o grupo Portugal Hammer Skins como neo-nazi e o Movimento Zero como populista de direita. “A infiltração de extrema-direita nos protestos por melhores condições de vida, como é o caso dos pequenos e médios empresários, deverá continuar. E não se pode, neste caso, com o agravamento da crise social e económica, excluir a possibilidade de radicalização nas formas de protesto da extrema-direita portuguesa”, alerta-se no relatório. Questionado pelo Polígrafo, Ricardo Cabral Fernandes assegura que tanto ele como Filipe Teles foram “convidados por Joe Mulhall para participar neste relatório independente, de modo completamente pro bono, não havendo qualquer ligação ao Governo português“. O jornalista garante também que não se reuniram com elementos do Governo, não pediram informações e não receberam verbas estatais. “O relatório é um resumo de 2020 com fontes abertas e termina com perspetivas para 2021”, sublinha. Sobre a acusação pública do Chega, Fernandes considera tratar-se de “um velho estratagema da extrema-direita: lançar as acusações para tentar fugir à resposta do que é escrito. Nunca responde aos factos apresentados”. Relativamente à alegação de que “escreve no site do Bloco de Esquerda”, Fernandes responde da seguinte forma: “Entrei no Bloco de Esquerda no final de 2013, militei no partido até sair publicamente com uma carta aberta assinada por 26 signatários em 2019. Escrevi para o Esquerda.net entre 2015 e 2017″. Em conclusão, o post difunde acusações infundadas. __________________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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