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  • A publicação em causa tem uma qualidade gráfica rudimentar, baseando-se numa mensagem em letras maiúsculas e amarelas sobre o fundo negro que passamos a transcrever: “Desde que Costa chegou ao poder emigraram mais de 300 mil portugueses. A maioria são jovens licenciados. Para compensar esses portugueses que emigraram, os socialistas, com o beneplácito do papagaio de Belém, dão nacionalidade a imigrantes muçulmanos do Norte de África para serem sustentados pelos portugueses que ainda cá ficam. É isto o socialismo que nos destrói cada dia que passa”. Colocando de parte a componente xenófoba e racista da mensagem, focamo-nos apenas nos números evocados, conferindo se têm ou não alguma sustentação factual em dados estatísticos fidedignos. Ora, os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) estão plasmados no relatório de “Estimativas de População Residente em Portugal – 2018“, divulgado em junho de 2019. “Em 31 de dezembro de 2018, a população residente em Portugal foi estimada em 10.276.617 pessoas, menos 14.410 que em 2017. Este resultado traduziu-se numa taxa de crescimento efetivo negativa de 0,14%. A tendência de decréscimo populacional mantém-se, ainda que atenuada nos dois últimos anos. A desaceleração do decréscimo populacional em 2018 resultou da melhoria do saldo migratório (de 4.886 pessoas em 2017 para 11.570 pessoas em 2018), já que o saldo natural negativo se agravou (de -23.432 em 2017 para -25.980 em 2018)”, destaca-se no resumo do relatório. “O envelhecimento demográfico em Portugal continua a acentuar-se: quando comparada com 2017, a população com menos de 15 anos diminuiu para 1.407 566 (menos 16.330 pessoas) e a população com idade igual ou superior a 65 anos aumentou para 2.244.225 pessoas (mais 30.951), representando, respetivamente, 13,7% e 21,8% da população total. A população mais idosa (idade igual ou superior a 85 anos) aumentou para 310.274 pessoas (mais 12.736). Em 2018, uma em cada duas pessoas residentes em Portugal tinha acima de 45,2 anos, o que representa um acréscimo de 4,4 anos em relação a 2008″, acrescenta-se. “No futuro, mantêm-se as tendências de redução da população e de envelhecimento demográfico. Portugal poderá perder população até 2080, passando dos atuais 10,3 milhões para 7,9 milhões de residentes, ficando abaixo dos 10 milhões em 2033. A população jovem poderá ficar abaixo do limiar de 1,4 milhões já em 2019 (1 393 513) e do limiar de 1 milhão em 2074 (995.647). O número de idosos passará de 2,2 em 2018 para 2,8 milhões em 2080″, conclui-se. Ora, para conferir o número indicado na publicação em análise é necessário consultar os dados em bruto, compilados no “Quadro 1: População e indicadores demográficos, Portugal 2008-2018” (pode aceder aqui à versão em Excel) do relatório. Nesse quadro verifica-se que, em 2016, o número total de emigrantes registados foi de 97.151 (38.273 emigrantes permanentes e 58.878 emigrantes temporários), seguindo-se 81.051 em 2017 (31.753 permanentes e 49.298 temporários) e 81.754 em 2018 (31.600 permanentes e 50.154 temporários). Ainda não há dados relativos ao ano em curso de 2019, pelo que o número total de emigrantes registados durante a presente legislatura é de cerca de 260 mil (ou 259.956, mais rigorosamente). Para alcançar um número superior a 300 mil no final de 2019, basta que o número de emigrantes durante este ano seja de cerca de 40 mil, inferior à média dos últimos anos. Ou seja, é muito provável que o número evocado na publicação seja confirmado no final do ano. Mas neste momento não passa de uma suposição, ainda sem sustentação factual. Mais problemática é a alegação de que “a maioria são jovens licenciados“. Segundo os dados do INE, em 2013, 4% dos emigrantes permanentes eram jovens, com idades entre os 0 e os 14 anos, 93% eram pessoas em idade ativa, entre os 15 e os 64 anos e 3% tinham mais 65 anos ou mais. Estas proporções mantiveram-se relativamente estáveis no período de 2013 a 2018, atingindo neste último ano: 5% jovens, 94% de pessoas em idade ativa e 1% de idosos. Os dados do INE indicam que em 2014, do total de emigrantes permanentes com 15 ou mais anos de idade, cerca de 54% teria como nível de escolaridade completo no máximo o 3º ciclo do ensino básico (ISCED 0-2), cerca de 17% o ensino secundário ou pós-secundário (ISCED 3 4) e 29% o ensino superior (ISCED 5-8). Em 2018, cerca de 39% teriam como nível de escolaridade completo no máximo o 3º ciclo do ensino básico (ISCED 0-2), 20% o ensino secundário ou pós-secundário (ISCED 3-4) e cerca de 40% o ensino superior (ISCED 5-8), registando-se, assim, um aumento significativo deste último nível de escolaridade. Ou seja, mesmo com este aumento significativo em 2018, o facto é que nos anos anteriores a percentagem de licenciados manteve-se estável em torno dos 30%, não constituindo assim uma maioria no cômputo geral do período de governação de Costa que assumiu pela primeira vez o cargo de primeiro-ministro no final de 2015. Importa também ressalvar que essa percentagem de licenciados engloba todas as faixas etárias a partir dos 15 anos de idade e não apenas os “jovens”. Em suma, desde que Costa “chegou ao poder” emigraram até ao momento cerca de 260 mil portugueses (e não mais de 300 mil) e os “jovens licenciados” não constituem a maioria desses emigrantes. *** Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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