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| - Um/a leitor/a enviou ao Polígrafo – com pedido de verificação – a imagem de uma suposta “notificação” que lhe foi endereçada – aparentemente – pela Polícia de Segurança Pública (PSP) a pedido do Ministério Público (MP). O documento é assinado pela Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, e indica os crimes em causa: pornografia infantil, tráfico sexual e exposição indecente.
“O relatório elaborado pelo sistema informatizado de recolha de dados criado pela Interpol no contexto da ‘Operação Vico pedo-crime’ menciona vários procedimentos legais contra si. Os procedimentos criminais contra si são os seguintes: pornografia infantil, tráfico sexual, exposição indecente. Para sua informação, estas penas ascendem a sete anos de prisão e uma multa de 100.000 euros, especialmente quando os atos foram cometidos na Internet”, lê-se na imagem do documento de “notificação”.
“O arguido é convidado a declarar incondicionalmente a sua versão dos factos no prazo de 72 horas, por correio eletrónico, para exame e avaliação das sanções. Contudo, se o prazo não for cumprido, será enviado um relatório ao Ministério Público a fim de estabelecer um mandado de captura com o serviço da Polícia de Segurança Pública”, adverte-se no texto.
Acresce ainda a nota de que “a cobertura mediática não está excluída“, em tom de ameaça, além da indicação do endereço de e-mail para “contactar o departamento de polícia” e obter “qualquer informação adicional”.
Questionada pelo Polígrafo, fonte oficial da PSP garante que se trata de uma comunicação falsa, sem qualquer relação com a PSP, nem com o MP.
“A PSP recebe regularmente denúncias de burlas e tentativas de burla contendo alegadas notificações criminais, remetendo posteriormente a informação para as entidades com competência para a respetiva investigação. Os suportes para concretização dos crimes recorrem a logótipos institucionais, nomeadamente, da Polícia Judiciária, Europol, Ministério Público, PSP, entre outros, com o fim de credibilizar a informação junto das pessoas visadas”, salienta a PSP.
Este tipo de e-mail corresponde a “um tipo de burlas denominadas como phishing” que, alerta a PSP, têm “a finalidade de aceder ilicitamente a dados pessoais, para posterior emprego na prática de outros crimes“.
“As instituições elencadas [MP e PSP], em especial a PSP, não efetuam notificações criminais por correio eletrónico“, sublinha a PSP na resposta ao Polígrafo, indicando uma série de recomendações para prevenir estas situações de logro:
“As pessoas que recebam comunicações eletrónicas aparentemente institucionais, deverão verificar previamente o endereço do respetivo remetente; um e-mail oficial será enviado de uma conta de correio oficial (por exemplo, ‘@psp.pt’); deve ser verificado se a mensagem é dirigida de forma vaga (por exemplo, ‘prezado cliente’); por norma, as instituições legítimas utilizam uma saudação pessoal com o nome e sobrenome do destinatário; deve ter-se em atenção o texto apresentado em e-mails e sms, uma vez que em mensagens ilegítimas é usual o seu conteúdo apresentar erros de ortografia e gramática derivado à tradução automática em plataformas online.”
A PSP indica ainda que “uma comunicação eletrónica suspeita não deverá ser reencaminhada nem usada de qualquer outra forma” e, por isso, o cidadão deve proceder ao bloqueio do remetente e “reportar este tipo de mensagens como spam, procedendo de seguida à sua eliminação. Também nunca deverá pressionar links nem descarregar ou abrir anexos nelas contidos, sob pena de comprometer a segurança dos seus equipamentos e dos seus dados pessoais”.
“As instituições, quando dirigem comunicações eletrónicas (com conselhos, alertas, etc.), por norma, também o anunciam nos respetivos sites oficiais, para que qualquer cidadão possa informar-se e confirmar a veracidade. Uma das formas de despiste de fraudes é o recurso ao rato, fazendo-o passar (sem clicar) sobre todos os links apresentados no corpo do e-mail a fim de revelar o endereço e verificar se o mesmo parece legítimo. Mais uma vez, sendo solicitada resposta a um e-mail, o endereço será de uma conta de correio oficial (por exemplo, ‘@psp.pt’). Ter especial cuidado a conteúdo com carácter urgente, presente em mensagens. Normalmente os cibercriminosos pretendem criar uma sensação de urgência na resposta para que a vítima descure indícios de uma mensagem maliciosa“, acrescenta.
De resto, “uma das formas mais relevantes de melhorar a segurança individual passa por manter atualizado o software e sistema operacional a fim de beneficiar das últimas atualizações de segurança”.
Neste âmbito, a PSP pede que “as pessoas cujos dados pessoais sejam usados indevidamente devem formalizar denúncia, nomeadamente numa esquadra da PSP, de forma a permitir que sejam desencadeados os procedimentos de investigação”.
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Avaliação do Polígrafo:
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