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  • “A ONU afirma que existem 112 géneros distintos“. Este é o título mais comum nas múltiplas publicações que se espalharam nas redes sociais, a maior parte das quais em língua castelhana, difundindo uma suposta notícia notícia de que a ONU terá reconhecido oficialmente a existência de 112 géneros distintos (ou identidades de género, mais corretamente). A suposta notícia tornou-se de tal forma viral nas redes sociais que chegou mesmo a diversos meios de comunicação social, com especial incidência na América do Sul. Muitas das publicações nas redes sociais em língua portuguesa, aliás, remetem para artigos de media sul-americanos, em língua castelhana, embora na maior parte dos casos não se trate de jornais ou estações de televisão com informação fidedigna, mas sim de blogs e páginas ligadas a movimentos anti-aborto e anti-direitos das pessoas LGBTIQ+, entre outras origens ou engajamentos político-ideológicos. Confirma-se que a ONU reconheceu a existência de 112 identidades de género distintas? Não. Estamos perante uma fake news que começou por se propagar na América do Sul e entretanto chegou também a Portugal. Várias plataformas de fact-checking – nomeadamente a “Chequeado“, da Argentina – já sinalizaram esta informação como falsa. A origem desta fake news reside numa lista de 112 identidades de género publicada numa página da plataforma Tumblr. Nas redes sociais atribuiu-se (erradamente) a autoria da lista a Vitit Muntarbhorn, especialista independente da ONU em orientação sexual e identidade de género, mas o facto é que Muntarbhorn não tem qualquer ligação à página em causa e, aliás, já não trabalha na ONU desde 2017. Por outro lado, mesmo que Muntarbhorn tivesse alguma ligação à página e à lista publicada, isso não a transformaria numa posição oficial assumida pela ONU. Não há um único documento oficial da ONU que aponte para a existência de 112 identidades de género distintas. Esta informação que circula nas redes sociais não tem qualquer base de sustentação factual e reproduz desinformação em massa. *** Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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