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| - No passado dia 15 de dezembro foi partilhado um post no facebook com uma imagem de uma coluna de opinião publicada no Correio de Manhã. Intitulada “Faturar milhões e pagar tostões” e assinada por Edgardo Pacheco, versa sobre uma reportagem do jornal Público acerca de um caso de pobreza extrema de Carla Sofia, de 38 anos, funcionária dos Pastéis Belém, que pertence à Antiga Confeitaria de Belém. Escreve o colunista: “(…) eu, com uma mistura de espanto e ingenuidade esperava que fosse desmentido no dia seguinte. Não foi.” O autor continua: “A história é simples: a empresa dos Pastéis de Belém – que vende 20 mil pastéis por dia – paga o ordenado mínimo (580€) a uma funcionária sua com 18 anos de casa. Funcionária esta que, com dois filhos menores por sua conta, só não morre de fome porque tem apoios sociais.”
O post, partilhado na página de Mário Costa, tinha esta segunda-feira 2,1 mil “gostos” e contava já com 17 mil partilhas – ou seja, tornou-se viral, tendo sido inclusivamente partilhado no polémico grupo “Vamos Parar Portugal Como Forma de Protesto”, que organizará em Portugal no próximo dia 21 de Dezembro um protesto semelhante ao dos coletes amarelos franceses.
As reações não demoraram a fazer-se sentir: “Empresa de merda. Gente de merda. E pastéis de merda”, escreveu imediatamente o seguidor Guilherme Leite, no que foi secundado por muitos outros – basta seguir o trajeto das milhares de partilhas.
Também houve quem tenha colocado alguma água na fervura, partilhando o desmentido que a empresa proprietária dos pastéis de Belém enviou ao Público, mas naquele momento já era impossível travar a informação.
E o que dizia o desmentido? Que a informação veiculada é falsa, pois a pessoa em questão ganhava, na realidade, uma média salarial bruta de 1306,98€ mensais, se tivermos em consideração as parcelas fixas e variáveis dos seus rendimentos.
Mais: que Carla Sofia tem “uma penhora judicial que impende sobre o seu vencimento, (penhora que, inicialmente, era de 1/3 mas que a Gerência dos “Pastéis de Belém”, sabendo da difícil situação da sua funcionária — mãe solteira com dois filhos e praticamente todas as despesas a cargo —, ajudaram a solicitar ao Tribunal que fosse reduzida para 1/6, o que se veio a verificar).
Além disso, a funcionária tem ainda uma dedução mensal no seu recibo de salário relativa a um adiantamento sobre salários futuros que lhe foi feito pela entidade patronal para fazer face a uma despesa extraordinária de saúde não comparticipada pelo SNS.
As duas deduções reduzem o montante líquido para uma média de 862,48€ por mês, uma média que ainda não inclui ainda os subsídios de férias e de natal. No mesmo dia em que partilhou o Direito de Resposta, o Público assumiu também o erro, pedindo desculpas aos leitores e à Antiga Confeitaria de Belém.
Avaliação do Polígrafo:
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