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| - Um post partilhado milhares de vezes no Facebook assegura que o ator Ruy de Carvalho escreveu, no seu próprio mural naquela rede social, um post inflamado em que critica amargamente o Governo por este alegadamente lhe ter retirado direitos. Diz o autor, que lhe aplaude o “desassombro” e a “coragem”: Num texto publicado ontem no Facebook, o veterano ator revela-se indignado com o ministro das Finanças, que acusa de “institucionalizar o roubo”, perante “o silêncio do Primeiro–Ministro e os olhos baixos do Presidente da República”.
Em causa, esclarece o autor do post, estaria o facto de o conhecido ator ter recebido uma carta das Finanças a informá-lo de que já não seria “artista“, passando a ser “prestador de serviços”, deixando por isso de usufruir de direitos conexos e do regime de propriedade intelectual.
Vários leitores reportaram o post em causa ao Facebook como sendo potencialmente falso e o Polígrafo, ao abrigo da parceria que mantém com aquela rede social para a avaliação das informações que circulam em linha, procede à sua verificação.
O teor do texto em causa é totalmente verdadeiro. O timing em que o mesmo está a circular em massa é que é desajustado. Efetivamente Ruy de Carvalho escreveu o post em causa na sua página no Facebook, mas fê-lo em 2013, quando Pedro Passos Coelho era Primeiro-Ministro, Vítor Gaspar estava na pasta das Finanças e Cavaco Silva na Presidência da República. Nessa altura, foi bastante partilhado, entretanto caiu no esquecimento e agora, não se percebe exatamente porquê, voltou a ser muito distribuído.
As palavras que utilizou foram violentas: “É lamentável que o senhor Ministro das Finanças não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com direitos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens ‘superiores’, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável”, disse, sobre Vítor Gaspar. “Não sei para que servem as comendas, as medalhas que de vez em quando me penduram ao peito”, acrescentou, sobre os políticos. E concluiu: “É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade.”
O post gerou milhares de partilhas e centenas de comentários, tendo suscitado a curiosidade dos jornalistas. Confrontado pelo jornal “i” com as suas posições tão duras, o ator afirmou: “Há pessoas que não têm dinheiro para viver. Há outras que têm de viver com o apoio da GDA e da Sociedade Portuguesa de Autores. E pessoas com talento. A profissão de ator será sempre uma profissão de recibo verde. E agora muito mais, porque não há companhias fixas e as poucas que há passam grandes dificuldades. São pessoas que estão quatro, cinco meses sem trabalhar. E precisam de ver os seus direitos defendidos.”
Agora que voltou a ser partilhada, a publicação tem sido frequentemente mal entendida, gerando comentários desajustados por parte dos que, não percebendo que se trata de um texto de 2013, criticam o Governo atualmente em funções. Três exemplos:
– “Estou deveras indignada! Não esperava isto do PS. Assim, não irá ter maioria absoluta…”, escreveu Laurinda Leandro.
– “Vergonha este governo para com os nossos atores dizer a um ator que deixou de ser ator e e assassinar o ator e o governo mais pobre de cultura estou indignada”, acrescentou a leitora Maria Fernandes.
– “Muito bem Sr Rui de Carvalho, estou consigo na sua indignação e na raiva que tenho que conter todos os dias sobre o que vejo e ouço. É nós continuamos caladinhos. caladinhos e seguimos em frente cada vez mais amordaçados por esta canalha oportunista que rouba todos os dias o dinheiro que ganhamos. É triste”, concluiu José Almeida.
Em resumo, trata-se de um post que veicula informações verdadeiras, embora já tenham 6 anos.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “verdadeiro” ou “maioritariamente verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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